As autoridades chinesas libertaram ontem Wang Youcai, condenado, em 1998, a 11 anos de prisão por ter fundado o Partido Democrático. A libertação acontece nas vésperas da reunião anual da Assembleia Nacional Popular.

Wang foi libertado ao fim de 6 anos por razões de saúde, um problema cardíaco, tendo sido enviado para os Estados Unidos para tratamento médico. A libertação poderá evitar que a China seja criticada na próxima reunião geral da ONU sobre direitos humanos, em Genebra.

Wang Youcai, com 37 anos havia cumprido outra pena de prisão em 1990, tendo na altura cumprido 2 dos 4 anos de condenação por propaganda contra-revolucionária, após o massacre de Tiananmen, onde foi um dos principais líderes estudantis do movimento pró-democracia.

Nas últimas semanas alguns presos políticos têm sido soltos ou têm visto as suas penas reduzidas, ao que não é alheia alguma pressão norte-americana. A evolução nas liberdades políticas têm avançado pouco e a ritmo lento. As preocupações das autoridades chinesas parecem mais centradas na área económica.
Com efeito, a Assembleia Nacional Popular inicia hoje a sua reunião anual que irá durar 9 dias. Cerca de 3000 delegados preparam-se para introduzir importantes emendas na Constituição de 1982, com o objectivo de proteger a iniciativa privada. A principal mudança passa pelas compensações indemnizatórias às expropriações. Outras alterações ocorrerão, fundamentalmente, por emendas que estabelecem uma espécie de comunhão, inédita ou quase inédita, entre a economia de mercado e a autoridade estatal.

Para o Ocidente, estas mudanças podem parecer uma manobra diplomática, mas para a cultura chinesa podem representar um sinal de abertura ao mundo e um passo no crescimento económico do país.

André Morais