O ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação, Carmona Rodrigues, foi hoje até ao Governo Civil do Porto para formalizar o protocolo para a recuperação da ponte D. Maria. Assinado por quatro entidades – Governo, Câmaras Municipais do Porto e Gaia e Refer -, o protocolo vai permitir o arranque das obras de recuperação da ponte que este ano celebra o seu 127º aniversário.
Para Manuel Moreira, governador civil do Porto, este é um projecto “simbólico”, pois irá criar um novo ponto de comunicação entre o Porto e Vila Nova de Gaia, mas desta vez através de uma pista ciclo-pedonal. Poças Martins, vice-presidente da Câmara de Gaia, afirmou que este projecto resulta numa “articulação feliz entre a ponte e duas margens que carecem de uma reformulação urbanística”.
“Muitas promessas foram feitas, mas nada aconteceu até ao dia de hoje”, acrescentou Manuel Moreira.
As obras estão estimadas em 1,6 milhões de euros (a financiar por fundos comunitários) e deverão arrancar até ao final deste ano. O governador civil do Porto prevê que a estrutura comece a funcionar no Verão 2005, defendendo que este é um “projecto que vai dar de novo vida a uma obra de arte.”
A ponte de Eiffel
Da autoria de Gustav Eiffel, a ponte D. Maria foi construída em 1877, tendo funcionado durante 114 anos como ponte ferroviária. Os comboios deixaram de passar na D. Maria em 1991, quando a ponte de S. João (da autoria do engenheiro Edgar Cardoso) passou a assegurar uma circulação ferroviária mais segura.
Fechada há mais de dez anos, a ponte D. Maria permanece abandonada e sem obras de manutenção. Os sinais dessa falta de cuidado são visíveis. A degradação da estrutura torna impossível o aproveitamento da ponte para a circulação rodoviária ou ferroviária.
Classificada como monumento nacional em 1982, a ponte D. Maria é uma das mais importantes obras projectadas por Eiffel no Porto e a sua recuperação surge agora como uma prioridade para as câmaras do Porto e de Gaia.
O grupo de trabalho constituído em Dezembro de 2002 tinha proposto, na altura, a adaptação da ponte para o Metro ou para uma via rodoviária, mas chegou-se à conclusão de que a estrutura não tem condições para tal. Pôr o Metro a passar na D. Maria implicava algumas modificações de fundo na forma da ponte, como o alargamento do tabuleiro. Por isso, essa proposta foi abandonada para evitar alterações ao traçado definido no século XIX.
Além da recuperação da ponte, o acordo que hoje foi assinado no Governo Civil do Porto inclui ainda a construção das vias de acesso à futura pista ciclo-pedonal, bem como a reabilitação das margens do Porto e de Gaia. Está ainda prevista a criação de esplanadas, um restaurante e um centro de documentação, que irá reunir informação sobre as pontes do Douro.
Manuel Moreira prevê que o projecto esteja concluído em 2005. A partir daí, atravessar a pé ou de bicicleta a ponte D. Maria será uma realidade para os cidadãos das duas cidades ribeirinhas.
Apesar de este projecto marcar uma maior aproximação entre Porto e Gaia, as divergências continuam. A cerimónia de assinatura do protocolo ficou marcada pela ausência do presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes.