A proposta do Governo de testar os conhecimentos de Matemática e Português em exames nacionais logo no 6º ano está a ser contestada. As associações de pais e professores queixam-se de não terem sido ouvidas sobre esta matéria e consideram que esta medida não tem qualquer vantagem para o sucesso dos alunos.

Adriano Teixeira de Sousa, do Secretariado Nacional da Federação Nacional de Professores (Fenprof), em declarações ao JornalismoPortoNet, afirma duvidar da eficácia da criação dos referidos exames. Esta proposta representa uma recusa do ministro da Educação, David Justino, em encarar de frente os problemas do sistema educativo, “criando uma falsa ideia na opinião pública de que tudo se resolve com exames”, conclui Adriano Teixeira de Sousa.

A Fenprof acredita que esta medida vai introduzir muito precocemente selectividade no sistema educativo, “correndo-se sérios riscos do ensino se basear apenas na preparação dos alunos para os exames”.
David Justino fez também saber que admite a hipótese de criar o mesmo sistema de exames no final do 4ºano.

Albino Almeida, da Confederação Nacional de Associações de Pais(Confap), disse ao JornalismoPortoNet que acredita que a intenção do ministro da Educação representa uma “regressão pedagógica” e classifica-a como um “autêntico disparate”.

Da mesma forma, a Fenprof discorda da política de generalização de exames em todo o percurso educativo e, ironizando, Adriano Teixeira de Sousa diz que não tardará muito para “se ter de fazer exames na passagem do pré-escolar para o ensino primário”.

A oposição também fez demostrar o seu desagrado. PS e Bloco de Esquerda (BE) criticam fortemente a medida anunciada pelo ministro. Em comunicado, o BE afirma que com esta proposta “o sistema educativo deixa de estar centrado no aluno e na sua formação, para passar a ser um sistema centrado na avaliação”.

As críticas das associações de pais e professores passam ainda por considerar que quem dita as leis do sistema educativo é o partido minoritário do governo, o PP, visto que a criação de exames no 4º e 6º anos estavam apenas previstos no programa eleitoral do Partido Popular e não do PSD.

Albino Almeida, da Confap, vai mais longe e acusa o PP de querer “uma escola de criancinhas a marchar, com livro único e o hino nacional”.

Apesar de esta medida estar a ser preparada, David Justino sublinha que a criação de exames no final do 6º ano só poderá acontecer depois de ser aprovada na Assembleia da República a Lei de Bases da Educação.

Carla Sousa