Paralização dos médicos no Hospital de Santo António vai continuar. Os médicos estão "determinados" a prosseguir a luta até receberem o pagamento do trabalho extraordinário
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) reuniu com a administração do Hospital de Santo António e decidiu que a greve é para continuar. A administração do Hospital deu razão aos médicos grevistas, mas diz que só pode resolver o problema com a autorização da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N).
Em causa está o pagamento do trabalho extraordinário que estes clinicos levaram a cabo no combate às listas de espera. O regime das 42 horas semanais foi o incentivo, com que o governo, em 2000, acenou aos médicos para conseguir a sua colaboração. Os grevistas encontram-se no regime das 35 horas, mas exigem receber o pagamento das horas extraordinárias no hospital entre Julho de 2000 e Janeiro de 2003.
Rui Koeller, delegado do SIM no hospital, disse ao JornalismoPortoNet que “é preocupante a situação que vive o hospital”. E acrescenta que “se não tiver uma solução rápida, vai haver uma catástrofe completa”.
Segundo o jornal Público, todos os actos médicos de oftalmologia foram já adiados (280 consultas e 15 intervenções cirúrgicas). Em Otorrino, perderam-se 80 consultas e 15 intervenções cirúrgicas. Nas especialidades cirúrgicas, a greve custou o adiamento de 40 consultas e 10 intervenções. Estomatologia (30 consultas adiadas), Ginecologia (20), Neurocirurgia (10) e Obstetrícia (20) são especialidades igualmente afectadas. Na Neurorradiologia, está inoperacional o serviço de TAC.
30 mil pessoas prejudicadas
Fomos ao local saber como estão os utentes a sentir esta greve. Georgete Ferreira estava desde manhã à espera para ser atendida em consulta externa. “Estou aqui para mostrar uns exames e há pouco disseram-me que a médica só me podia ver às 20h”, lamentou a idosa. Mas se uns esperaram o dia todo, outros houve que nem se aperceberam da greve. António Silva foi atendido em consulta externa à hora prevista. Ainda assim, desconfiou de alguma perturbação no normal funcionamento daquela unidade. “Estava tudo tão calmo. Vi muito pouco pessoal e tão poucos médicos. Agora percebo.”, diz.
Rui Koeller lembra que “são 30 mil pessoas” que estão a ser prejudicadas. O delegado sindical diz que a adesão, que começou nos 95%, baixou 5 pontos percentuais e não 11 como terá afirmado a administração do Santo António. Ao que parece, a greve, que se previa durar 30 dias, só terminará quando as exigências dos médicos forem atendidas.
Ana Isabel Pereira
Foto: Ordem dos Médicos