Desde 16 de Setembro de 2003, após o golpe militar que o destituiu, que Kumba Iála se encontrava sob residência vigiada, impedido de a abandonar e de estabelecer qualquer tipo de contactos.

O Governo e o Estado-maior das Forças Armadas recusam-se a comentar o assunto, não se sabendo ainda quem deu a ordem de libertação do ex-presidente. Segundo a agência Lusa, o Conselho Nacional de Transição (CNT) e o governo da Guiné-Bissau não foram informados desta decisão.

Esta libertação inesperada pode estar relacionada com uma série de acontecimentos que, nas últimas semanas, têm afectado a paz social na Guiné-Bissau. Desses acontecimentos destacam-se a visita da Liga Guineense dos Direitos Humanos, assim como a reivindicação de um grupo de membros da Juventude do Partido da Renovação Social (PRS), que exige a sua libertação imediata. Esta exigência, segundo a agência Lusa, provocou divisões dentro do partido e um mal-estar no Estado-Maior.

Na última quarta-feira uma manifestação de estudantes terminou em confrontos e a sede do PRS foi vandalizada e parcialmente destruída. Estes factores terão contribuído para que as autoridades guineenses optassem pela libertação do ex-presidente, para assim manter a paz social neste período de eleições.

Com a libertação de Kumba Iála, altera-se o cenário das eleições legislativas, agendadas para 28 deste mês. Segundo o jornal Público, Kumba Iála tencionará regressar à vida política activa, e adiantando ainda que vai percorrer todo o país em campanha eleitoral com o PRS. Este ressurgimento do ex-presidente é um trunfo para o seu partido, uma vez que o eleitorado de etnia Balanta – a etnia de Kumba Iála – representa 25% do total de eleitores guineenses.