Esta quinta-feira, ao que tudo indica, foram os independentistas que lançaram o caos em Madrid.

A ETA foi fundada em 1959 com um propósito concreto: conseguir a independência do País Basco. No entanto, foi a luta contra o regime franquista que deu o mote para a luta armada que o grupo separatista iniciou com a difusão da língua e cultura bascas (símbolos de identidade, unidade e direito à independência face a Espanha).

Nos anos 60, surgem algumas fissuras dentro da ETA. Os nacionalistas buscam a autonomia por via pacífica, enquanto a ala ideológica (marxista-leninista) recorre à violência. O chefe da polícia de San Sebastian, José Pardines, foi então a primeira vítima.

Perante a morte de Franco, com a amnistia geral de 1977 e a abolição da pena de morte em 1978, os membros da ETA intensificaram os seus ataques e recusaram os pedidos das forças democráticas para o abandono do uso da força.

Herri Batasuna (União do Povo) é o braço político da ETA. Nunca condenou qualquer ataque protagonizado pelas forças armadas nem pede o abandono das armas. No final de 1997, 23 membros da Mesa Nacional do partido foram condenados por “prestar incondicional apoio a uma organização criminal”, como especificava a sentença.

Desde então, o número de votos conseguidos nas eleições foram decrescendo até que o partido foi remetido à clandestinidade.

Até 2003, a ETA matou 814 pessoas, dados do Ministério do Interior espanhol. O País Basco foi o mais vitimado, com 547 assassínios, seguindo-se a capital espanhola com 121 mortes.

Em Setembro de 1998, a ETA anuncia um cessar-fogo na sequência do Tratado de Lizarra. No entanto, o interregno de 439 dias serve apenas para o reforço da sua estrutura criminal. A 28 de Novembro de 1999, a ETA comunica o fim das tréguas de paz.

A retoma da luta armada vitima o tenente coronel do Exército Pedro Blanco García. O fracasso dos nacionalistas moderados bascos na procura da independência e a repressão dos governos de Espanha e França foram a justificação apontada para o regresso à violência.

Esta quinta-feira, o amanhecer madrileno foi mortífero. Mais de 150 civis foram assassinados num ataque com as características habitualmente atribuídas às ofensivas da ETA.

Manuel Jorge Bento
Foto: Ministério do Interior de Espanha