Há um século a fazer história

Situado numa das mais emblemáticas ruas da baixa portuense, o Bazar Paris é o mais antigo bazar de Portugal. Foi em 1904 que o nº 190 da Rua de Sá da Bandeira foi comprado por um italiano. Na altura, vendia louças, quinquilharias perfumes e bijuterias importadas de França. Daí o nome Bazar Paris. Em 1913, a loja passou para as mãos da família Vilas-Boas, que de geração em geração tem garantido o sucesso do negócio. As louças e quinquilharias deram lugar a um novo comércio – os brinquedos – que há várias décadas faz a alegria dos pequenos e também dos graúdos.

Sobreviver às grandes superfícies

O JornalismoPortoNet entrou no mundo da brincadeira e tentou descobrir o truque que faz com que dois pisos repletos de brinquedos sejam a prova da resistência do comércio tradicional ao império dos hipermercados.

Luísa Vilas-Boas, actual proprietária, diz que “não é fácil sobreviver às grandes superfícies, porque se luta contra preços que não são justos e com os quais é impossível competir”. Contudo, acrescenta que “manter uma loja assim é muito aliciante, pois há sempre o objectivo de lutar para conseguir”. E para Luísa Vilas-Boas, ir à luta implica “ter uma grande diversidade de modelos de brinquedos e um conhecimento muito grande daquilo que se está a fazer”, coisa que, na sua opinião, “os hipermercados não têm”.

Não sendo possível competir com os preços praticados pelas grandes superfícies, a proprietária aposta na inovação. Assim, “a preocupação de adquirir produtos que não sejam vulgares em Portugal e que não façam parte da exposição dos hipermercados é o segredo do negócio”, explica. Cerca de 70% dos brinquedos do Bazar Paris são importados directamente pela loja.

Brinquedos para todos os gostos

Do Alfa Romeo de 1932 ao Ferrari de 2002; das caravelas dos Descobrimentos às lanchas dos famosos; do cavalinho de pau ao burrinho de peluche; do carrinho de ferro ao carrinho de plástico, no Bazar Paris há brinquedos para todos os gostos, para todas as idades e para todas as carteiras. Brinquedos de tostão podem agora custar mais de 500 euros. São marcas da evolução da forma de brincar, ao longo de várias décadas.

“As crianças procuram aqueles que passam na televisão, enquanto os adultos preferem aqueles que lhes relembram a infância”, explica Luísa Vilas-Boas. Soldadinhos de chumbo, aviões de guerra, bonecas de trapos são lembranças que fazem voltar a ser pequenino.

Ana Guedes Rodrigues