A tentativa de golpe de estado, protagonizada pelo Regimento de Infantaria 5 (RI5) resultou de vários factores que incitaram os militares à revolta.

Segundo documentos da época, o descontentamento militar que se fazia sentir na altura foi, aparentemente, desencadeado pelo lançamento do livro “Portugal e o Futuro”, do General António de Spínola. Nesta obra, o General considerava inexequível uma solução militar para a situação do Ultramar. O então vice-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas defendia que a única forma de resolver o problema era através de soluções políticas. Pouco depois do lançamento da obra (a 22 de Fevereiro de 1974) a situação no interior do regime começou a deteriorar-se. spinola.copy.jpg

Um outro acontecimento que parece ter contribuído para o sentimento de revolta dos militares deu-se dois dias antes da tentativa de golpe de estado. No dia 14 de Março os oficiais-generais dos três ramos das Forças Armadas reuniram-se no Palácio de S. Bento para manifestar apoio à política africana seguida pelo governo de Marcelo Caetano. Não compareceram neste encontro os generais Costa Gomes e António de Spínola e o contra-almirante Tierno Bagulho que foram posteriormente exonerados das suas funções.

Mas, as origens do descontentamento militar já remontavam a meados de 1973, altura em que um diploma legal que continha disposições relativas à prossecução da carreira das armas foi mal recebido pelas Forças Armadas. O Movimento das Forças Armadas começou então a realizar plenários para discutir os problemas nacionais e acabou por redigir o texto “O Movimento, as Forças Armadas e a Nação”. Este texto incitava os militares a pensar na situação do país e no problema do Ultramar e surgiu como fundamento (clandestino) da acção do 25 de Abril.

Andreia Parente

Fotos:
Centro de Documentação do 25 de Abril