Putin reuniu 71,2% dos votos dos eleitores russos. A afluência às urnas contrariou o medo de uma elevada abstenção, ultrapassando largamente os 50% necessários para validar as eleições. Os russos premiaram a estabilidade política e económica que Putin trouxe à Rússia.

Atrás de Putin, ficou Nikolai Kharitonov, do Partido Comunista, com 13,7%. dos votos, mais do que se previa. Seguem-se Serguei Glaziev, dissidente do Partido Comunista, com 4.1% dos votos, e Irina Khakamada, da União das Forças de Direita, com 3.9%. Oleg Malichkin obteve 2% e Serguei Mironov, presidente do Conselho da Federação, 0,8%. O voto em branco “ganhou” aos dois últimos candidatos. 3.5% da população eleitora votou, deliberadamente, contra todos os candidatos.

O Presidente russo disse aos jornalistas que todos os adversários mereciam o seu respeito. Putin, cinturão negro de judo, afirmou ter aprendido com os seus mestres que, quanto mais não seja, se deve respeitar “o adversário porque nos concede a honra de se bater connosco”. Os opositores de Putin são da opinião que esse respeito não existiu. Irina Khakamada e Serguei Glaziev apontaram o dedo à propaganda favorável a Putin, no decorrer da campanha, e à inexistência de um verdadeiro debate entre candidatos.

Reafirmar a Russia no mapa geoestratégico mundial

Vladimir Putin tem o próximo mandato para tornar a Rússia menos dependente da flutuação do petróleo. A Russia experimentou o crescimento económico durante o primeiro mandato de Putin, mas o Presidente começou a atacar um problema que ainda tem arestas por limar. Aumentou o abismo entre ricos e pobres, as pequenas e médias empresas enfrentam dificuldades, subsistem as oligarquias, a burocracia e a corrupção. Mas o grande objectivo, para este mandato, é devolver à Rússia a condição de grande potência independente. O Presidente não poderá esquecer, contudo, as províncias e os problemas da Rússia profunda.

Ana Isabel Pereira