A Media Capital e a SGC de Pereira Coutinho, estão a considerar a hipótese da Televisão Digital Terrestre, TDT, arrancar com emissões gratuitas. Esta opção funcionaria como um incentivo à adesão dos actuais consumidores de televisão analógica. O Engº Maia Santos, da RTP, disse ao JornalismoPortoNet que “a oferta, embora em fase experimental, atrairá as pessoas, sobretudo os mais jovens”.
A ser adoptado o modelo gratuito, defendido pelo grupo de Paes do amaral, os utilizadores só teriam de comprar a caixa descodificadora (“set-top-box”). A SGC, o outro grupo interessado, mostra-se mais favorável à adopção de um modelo misto e defende um serviço pago para quem quiser aceder a mais canais e a serviços adicionais de telecomunicações (como voz e Internet). O Engº Maia Santos acredita que a fase experimental gratuita será curta. “Prevejo que dure um, dois meses no máximo”, diz. Apesar de funcionar como um chamariz, a TDT grátis não é sustentável a longo prazo. Maia Santos explica: “depois de algum tempo, qualquer serviço por fibra óptica terá de ser pago. Os custos com a tecnologia e a programação são elevados e alguém tem que os suportar”.

Meio milhão até 2007

Um estudo de mercado realizado pela consultora AT Kearney, para a Autoridade Nacional de Telecomunicações (Anacom), aponta para 474 mil o número de lares que, em Portugal, vão aderir à TDT até 2007. Faltam três anos para a data acordada a nível europeu para acabar com as emissões analógicas de televisão. Até 2007, só 13,4 por cento dos cinco milhões de lares com televisão terá aderido à TDT.
Para 27 por cento da população, o incentivo à adesão à TDT será a qualidade da imagem. Apenas 10 por cento vêm na oferta de mais de nove canais, em sinal aberto, um argumento à adesão.
O estudo da AT Kearney sugere que a melhor forma de aumentar a adesão espontânea à TDT é a combinação de serviços gratuitos e pagos.
Os interessados na licença de TDT esperam que, até 2007, as entidades europeias tenham normalizado as “set-top-boxes”. Se isso não acontecer, os equipamentos que forem adquiridos pelo operador português podem cair em desuso muito rapidamente. O Engº da RTP, Maia Santos, afirma que “o consenso praticamente já existe” e acredita que o processo de implementação da tecnologia em Portugal vai acontecer de acordo com esse consenso.
Até Maio, a Anacom deverá apresentar um novo modelo de negócio que permita atribuir uma licença de TDT ao futuro operador da tecnologia.

Ana Isabel Pereira

Foto: http://ecodigital.blogspot.com