Em dia de aniversário, o governo faz um balanço positivo da sua actuação. Oposição discorda e diz que o passado já não é desculpa.

No discurso do balanço de dois anos de governação da maioria parlamentar, o ex-presidente da JSD Pedro Duarte foi dizer ao plenário que o actual Governo “assumiu a responsabilidade de um país que caminhava para o abismo” depois de “seis anos de irresponsável gestão socialista”. Desde o início da actual legislatura, a maioria garante que andou a “consertar” para agora poder “construir”.

Depois de evocadas as “reformas estruturais” que o governo está a implementar, Pedro Duarte assegurou que o governo vai proceder a uma segunda fase da legislatura, desta feita marcada pela “retoma”.

O social-democrata reconhece que a situação económica envolvente é complicada, mas afirma que o governo está pronto para avançar. O executivo teve sobretudo “coragem”, disse, na aplicação de reformas que não visam a “popularidade”, sem nunca esquecer “o plano social”.

A deputada do PS Elisa Ferreira contrariou o retrato feito pelo principal partido da maioria, afirmando que “o país está desorientado e encalhado”, ao que os sociais-democratas responderam que “não fugiram do país nem do poder”.

Primeiro-ministro “leiloeiro”

No plano interno, o debate subiu de tom quando o deputado socialista José Junqueiro, a propósito da venda de património do Estado, disse que Durão Barroso iria ficar para a história como “o primeiro-ministro leiloeiro que vendeu Portugal a retalho”. O caso “Sorefame” foi criticado e os projectos do TGV e da OTA relembrados como exemplos de “uma política de faz, não faz”. José Junqueiro acrescentou que na TAP “não se arrumou a casa”, depois das dissidências entre Cardoso e Cunha (representante do governo na TAP) e Fernado Pinto (actual administrador da empresa).

As críticas da oposição foram direccionadas para as questões de política externa. Os atentados de Madrid e o alinhamento português ao lado dos EUA, na guerra do Iraque, mereceram a reprovação de todos os oradores.

Da bancada comunista sublinhou-se a “gravíssima violação da ética política” de Aznar, quando este tentou manipular os media e informação de interesse público. Este aspecto foi analisado por Telmo Correia, do CDS/PP, como “um erro de gestão de informação”. BE e “Os Verdes” também não foram meigos com o executivo. O “bloquista” Luís Fazenda afirmou que os portugueses estão “na presença do pior governo que o país conheceu desde o 25 de Abril”.