“Castelo de Paiva é a grande oportunidade para a justiça mostrar que funciona”. As palavras são de Horácio Moreira, presidente da Associação dos Familiares das Vitimas de Entre-os-Rios (AFVTE-R). Horário Moreira disse ao JornalismoPortoNet que, até agora, a justiça não têm funcionado. O presidente da AFVTE-R critica a lentidão da justiça e lamenta que só três anos depois da tragédia de Entre-os-Rios se faça o debate instrutório.
O debate de amanhã é a fase do processo que antecede a indicação do número de arguidos que vão, efectivamente, a julgamento. No processo de Entre-os-Rios, estão constituidos 29 arguidos: cinco técnicos da extinta Junta Autónoma de Estradas (JAE), um responsável da ETEC Lda, 22 areeiros e o antigo presidente do Instituto de Navegabilidade do Douro, Mário Fernandes. Horácio Moreira não acredita que sejam todos levados a julgamento.

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Crucial para a decisão que o juiz Nuno Melo tomará amanhã é o relatório pericial sobre as causas do colapso da ponte, a 4 de Março de 2001, entregue ao Tribunal de Castelo de Paiva em Fevereiro.
De acordo com a agência Lusa, as conclusões do relatório elaborado por técnicos da Universidade de Coimbra e do Laboratório Nacional de Engenharia Civil é semelhante ao que tinha sido, anteriormente, elaborado por especialistas da Universidade do Porto. Este primeiro relatório indicava a extração de areias como causa principal do acidente. Mas Horácio Moreira adverte que “se as empresas extraiam areia é porque eram autorizadas”. O presidente da AFVTE-R denuncia a falta de fiscalização e pergunta “Quem é que autorizava os montantes extraídos?” O JornalismoPortoNet contactou o presidente da ADRAG, Fernando Jorge Silva, que preferiu não se pronunciar sobre o processo até o debate instrutório estar concluido.

Faltam arguidos no processo

Os familiares das vitimas de Entre-os-Rios consideram que na fase de julgamento vão faltar arguidos no banco dos réus e têm algumas expectativas sobre o que vai ser decidido amanhã no que diz respeito às empresas de extração de areias. “Aquilo que nos tem parecido é que a culpa tem pendido muito para esse lado. E na nossa opinião, não são os principais culpados. Vamos ver o que acontece”, disse, ao JornalimoPortoNet, Hóracio Moreira.

Ana Isabel Pereira

Fotos: www.prof2000.pt