O Partido Socialista tinha anunciado que iria causar “dores de cabeça” ao governo no debate parlamentar de hoje. E como o prometido é devido, o PS apresentou-se em força no plenário, com intervenções dos seus principais elementos. Frente a uma bancada algo despida dos partidos da maioria e face a um primeiro-ministro pouco tempo presente na sala, os socialistas enunciaram o conjunto de medidas que em seu entender o governo “prometeu mas não cumpriu”.

Ferro Rodrigues abriu as hostilidades aconselhando Durão Barroso a “aprender com as lições dos seus amigos do PP em Espanha”. Mais tarde foi a vez de Jorge Coelho, muito efusivo, lembrar que “o PS não se cala perante a mentira e a manipulação”, que “prometer e não cumprir não é o caminho” e que “os portugueses percebem isso”.

Nas intervenções de Luís Miranda, Pedro Silva Pereira, Mota Andrade, Renato Sampaio e Fernando Cabral o PS assinalou o incumprimento de promessas em diversas áreas. Do aeroporto civil de Beja à co-incineração, da descentralização à viabilidade económica da Casa do Douro, sem esquecer a indefinição do projecto TGV, os socialistas não perdoaram o governo.

O ministro dos Assuntos Parlamentares, Marques Mendes, teve a seu cargo as reacções à ofensiva. Entre respostas concretas e justificações com base na alegada “irresponsabilidade socialista”, o ministro garantiu que “em metade do nosso mandato cumprimos bem mais de metade do nosso programa”.

Ladeado pelos ministros Carlos Tavares (Economia) e Bagão Félix (Trabalho e Segurança Social), Marques Mendes, na ausência do primeiro-ministro, teve ainda de ouvir o líder do grupo parlamentar socialista, António Costa, a dizer que “a credibilidade do primeiro-ministro sai daqui completamente arrasada”.

Sem grandes intervenções por parte das bancadas mais à esquerda do PS, o debate foi sobretudo uma prova de força do maior partido da oposição em dias de comemoração de dois anos do executivo PSD/PP. A viragem à esquerda do vizinho Ibérico parece estar a animar os socialistas portugueses.

Liliana Filipa Silva