Empresas de extração de areia podem não ser pronunciadas por falta de provas. Familiares das Vitimas de Entre-os-Rios desistiram da acusação.

Só na próxima semana se saberá quem vai a julgamento. Um coisa é certa, depois do debate instrutório de ontem os areeiros não devem ser pronunciados pelo juiz Nuno Melo.

Manuel Rocha, o advogado que representa cinco arguidos e a própria associação dos areeiros, disse hoje ao JornalismoPortoNet que “a forma como decorreu o debate instrutório e o reconhecimento do Dr. João Nabais de que não havia matéria para levar os areeiros a julgamento indicia que eles não serão pronunciados”. O advogado está, assim, confiante de que os areeiros não serão submetidos a julgamento: “Houve unanimidade no debate instrutório. O próprio MP entendeu que não havia matéria para pronunciar os areeiros”, explicou Manuel Rocha.

Familiares desistem da acusação

Já esta semana, Horácio Moreira, presidente da Associação de Familiares de Vitimas da tragédia de Entre-os-Rios, tinha dito ao JornalimoPortoNet que não acreditava que os 29 arguidos fossem pronunciados. Avançou ainda que, para as famílias das vitimas, os areeiros não eram os principais culpados: “A grande questão sobre a tragédia da ponte surge em 1986 e 1988, quando a JAE e outros organismos com responsabilidades nessa matéria sabiam que havia o risco de colapso do pilar e nada fizeram”, denunciou Horácio Moreira.

Ontem, ao ínicio da tarde, o advogado das familias, João Nabais, disse à comunicação social que estas já não tinham interesse na acusação dos areeiros e reconheceu não haver matéria que prove acto criminoso por parte das empresas de extração de areia.

“Um emendar de mão”

Manuel Rocha acredita que o advogado dos familiares fez aquelas declarações “num emendar de mão, só porque no processo não foram evidenciadas provas que pudessem incriminar os meus clientes”.
No entender dos areeiros, esta mudança no sentir das familias não é genuína uma vez que, diz, “os advogados dos familiares das vítimas tentaram, desde a primeira hora, levar os nossos clientes a julgamento”.

O representante dos areeiros não discute a veracidade do relatório de perícia: “as extracções de areia contribuiram para o rebaixamento do leito”. Manuel Rocha diz que essa conclusão é indíscutivel, mas “não é justificação para a queda da ponte”. Num ponto os areiros estão de acordo com os familiares das 59 vitimas da tragédia em Castelo de Paiva: “tivessem sido tomadas medidas de segurança da estrutura da ponte”, era evitável o colapso da ponte. O advogado lembra que os areeiros “não poderiam ser responsabilizados por um dever de fiscalização que não lhes competia”. O juiz Nuno Melo deverá revelar a sua decisão no próximo dia 25.

Ana Isabel Pereira

Fotos: www.prof2000.pt