Novais Barbosa aproveitou a presença de Graça Carvalho na cerimónia de inauguração do novo edifíco da FDUP, que assinalou também os 93 anos da UP, para alertar para a questão das vagas nas faculdades. O reitor da UP fala em “mal estar na Universidade” originado pela “restrição menos compreensível” que foi o corte no número de vagas em 10% em curso atractivos como Direito e outros.

Em dia importante para a FDUP, o presidente do Conselho Directivo e Cientifíco da Faculdade de Direito, Cândido da Agra foi mais longe e criticou o “corte cego dos numerus clausus (de 100 para 90)” na FDUP, incompatível com a formação de massa crítica indispensável para validar o esforço realizado. Cândido da Agra aponta as 200 vagas como “limiar de um funcionamento sustentável em termos financeiros e adequado para a formação de massa crítica”. O reitor Novais Barbosa espera que voltem os numerus clausus de há dois anos.

Em resposta, a Ministra da Ciência e do Ensino Superior afirmou que as vagas para cursos com “atractividade internacional como Direito” vão aumentar, bem como cursos em áreas prioritárias (saúde, tecnologias e artes) que terão um aumento nos numerus clausus na ordem dos 15%.

“Infinito é a dívida, infinito é o dom”

Cândido da Agra disse que a FDUP era simultaneamente uma “dívida” e um “dom”. Dívida porque foi, durante 79 anos, “vítima da inércia, interesses e má vontade”. Essa falha teve “danos irreparáveis”. O director da faculdade considera porém que à grandeza da dívida, corresponde a “grandeza do dom”. “É-nos oferecido mais do que um lugar, é nos oferecido uma memória (…) O espírito de engenharia UP habita a instituição”, concluiu.
O director sublinhou ainda a especificidade da FDUP, sublinhado o primeiro laboratório de criminologia e a ligação à comunidade científica internacional e à cidade e região.

Faculdade a meio gás

À margem dos discursos e do protocolo, estiveram os alunos de Direito que protestaram em silêncio no átrio da faculdade. Tiago Pinto, presidente da Associação de Estudantes (AE) da FDUP, explica: “continuamos a sentir-nos encaixotados”. Apesar da inauguração, vários serviços da faculdade continuam por abrir. A reprografia “já tem um espaço destinado, mas por questões orçamentais não está a funcionar”; o bar “já tem espaço e cozinha”, mas “falta a concessão [de licença]”. Os alunos exigem também mais facilidades de estacionamento e a abertura da faculdade à noite para estudo e para actividades dos grupos culturais. Tiago Pinto diz que esta medida não foi ainda tomada por “questões financeiras e de bom senso”.