O documento elaborado pelo FMI sobre a situação e perspectivas da economia portuguesa avança com vários alertas ao Governo português. Ao contrário do que o ministério das Finanças tem avançado, o FMI prevê um menor crescimento e uma subida do défice orçamental.

O relatório desta organização prevê que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que mede a riqueza do país, crescerá apenas 1,0%, e aconselha o Governo português a cortar nas despesas para compensar as perdas de receita em IRC, o imposto sobre os lucros.

Aumento do défice previsto

Relativamente às finanças públicas, a previsão do FMI aponta para um défice de 4,1%, contrariando as expectativas da ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, que previa no Orçamento de Estado um défice de 2,8%.

Já o endividamento público deverá, segundo o FMI atingir os 63,3%, ultrapassando o limiar de 60,0%, indicado no Tratado de Maastrich para os países-membros da União Europeia.

Este organismo aconselha o Governo português a “estabelecer um calendário” que permita colocar um fim ao recurso a receitas extraordinárias.

Projecções negativas para o mercado de trabalho

Quanto ao mercado de trabalho, as projecções não são positivas. O FMI prevê que a taxa de desemprego suba de 6,4% para os 7,0%, uma subida percentual significativa em relação ao ano anterior. Esta organização aconselha o Governo a investir num melhor ensino e formação profissional e a encorajar a investigação.

Embora apoie o novo código laboral de trabalho, o FMI alerta que “é necessário tomar novas medidas relativamente às restrições aos despedimentos”.

Contenção orçamental insuficiente

Apesar de traçar um cenário cinzento para a economia portuguesa, esta organização mundial não deixa de ressalvar o esforço de contenção orçamental e os progressos nas reformas estruturais.
No entanto, o FMI deixa claro que a contenção orçamental é insuficiente e que “continua a ser essencial aumentar a produtividade da economia portuguesa, que se situa abaixo da média da União Europeia”.

Carla Gonçalves