“Se há condições (para garantir a segurança no Euro 2004), não sei onde é que elas estão”, disse terça-feira, em conferência de imprensa, Jorge Rufino, presidente da Distrital do Porto do Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP).

O SPP está descontente com o Director Nacional da PSP e com o Governo. Jorge Rufino crítica a actuação da estrutura dirigente da polícia dizendo mesmo que “Mário Belo Morgado está a mais, já que perante a apresentação dos problemas, a sua resposta foi zero”. As críticas estendem-se também ao Governo. O presidente da Distrital do Porto da SPP diz que “o reforço das medidas de segurança, não passa de uma mera promessa”, uma vez que, acrescenta, existem problemas que impedem a aplicação dessas medidas.

“Viaturas velhas e em número reduzido, equipamentos de ordem pública escassos, comunicações antiquadas e deficientes e falta de formação para o Euro 2004” são algumas das queixas apresentadas pela estrutura do SPP no Porto. Contudo, o reduzido número de efectivos para o Euro 2004 e o consequente aumento do número de horas de trabalho estão no topo das preocupações do sindicato.

A falta de efectivos levará a que o horário de trabalho dos polícias em serviço seja dobrado. Como explicou José Luís Fonseca, dirigente do SPP, “em vez de fazermos seis horas, passamos a fazer doze, o que é tempo a mais. Mas se eles querem que os polícias façam seis horas, doze horas ou mais, para bem da Nação, então que nos dêem condições”.

A PSP pede ao Governo que apoie de perto os polícias que vão trabalhar nos eventos culturais e desportivos agendados para breve. Exigem “um espaço próprio onde seja fornecida uma refeição quente, condições sanitárias e uma equipa de apoio psicológico”. Outra exigência é o pagamento de horas extra feitas no decorrer desses eventos.

Quanto à formação dos elementos policiais para o Euro 2004, o presidente do SPP mostrou-se preocupado com o facto de a maior parte dos polícias não falar inglês nem francês, o que, na sua opinião, pode originar “situações estranhas”. Para além disso, poucos são os elementos policiais que estão a receber formação prática e Jorge Rufino não crê que todos os polícias da PSP recebam essa formação até Junho.

O SPP alertou que “à falta de condições, o serviço sairá deficitário” e que se “algo correr mal, não será por culpa das forças de segurança, mas da Direcção Nacional da PSP e do Governo”.

Para o sindicato, a falta de condições, aliada à exigência de um maior esforço, estão na base da desmotivação dos polícias. Paulo Sousa, dirigente do SPP acrescenta que “a sorte dos portugueses é que os polícias gostam de desenrascar”.

Acções nacionais de protesto

Em sinal de protesto, a partir da próxima segunda-feira e até ao dia 2 de Abril, a PSP levará a cabo uma acção de talões caídos, “fechando os olhos” às infracções menos graves cometidas pelos portugueses.

O sindicato avisou também que “caso o Governo continue a fazer ouvidos moucos, insistindo na não resolução dos problemas apresentados, serão levadas a cabo novas iniciativas, que podem passar pela recusa de sair à rua e pela entrega de cartões de eleitor”, entre outras.

Ana Guedes Rodrigues