A Federação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Superior Particular e Cooperativo representa cerca de 100 mil estudantes. Não estão contra a manifestação nacional, mas também não participam, uma vez que a ministra do Ensino Superior se tem mostrado disponível a dialogar.
“Coerência” é a palavra-chave.

Esperar por resultados

São várias as razões que justificam a não participação dos estudantes do ensino privado. Em conferência de imprensa, José Alberto Rodrigues, dirigente da associação, considera que esta é uma manifestação “sem sentido” para os estudantes das “privadas”.

Após as promessas deixadas pela ministra da Ciência e do Ensino Superior na última Assembleia Geral de alunos, os estudantes aguardam agora por resultados.

A curto prazo, os estudantes do ensino privado e cooperativo esperam ver concretizados dois dos seus principais objectivos: maior autonomia para as instituições e mais benefícios na acção social.

No que diz respeito à autonomia das instituições prevista na actual lei em debate no Parlamento, a ministra espera conseguir a sua aprovação até à Páscoa.

O acesso dos alunos do ensino superior privado e cooperativo às cantinas e residências universitárias, à cultura e ao desporto está também prometido para Maio ou Junho.

Os três P’s

As bandeiras da manifestação estudantil são Propinas, Prescrições e Paridade. Segundo o dirigente associativo, os alunos do ensino privado não se identificam com todos os pontos do protesto. José Alberto Rodrigues diz que a luta contra as propinas é “uma questão desgastada”, um tema pelo qual a sociedade já não tem interesse.

As prescrições são outra das polémicas. Neste ponto, José Alberto Rodrigues está de acordo. Considera descabido que algumas pessoas andem anos na universidade “a gastar dinheiro do Estado e dinheiro dos contribuintes”.

Apenas a luta pela paridade está mais próxima dos estudantes das “privadas”, mas a última acção da ministra “é um passo em frente”. O dirigente associativo reconhece que é preciso tempo para concretizar as promessas e, por isso, os estudantes das “privadas” não saem às ruas: “Estamos satisfeitos, mas estamos atentos. Só vamos descansar quando tudo isso for posto em prática”.

Pedidos por agendar

Mas nem só de sucessos se faz a luta dos estudantes do ensino privado e cooperativo. Há ainda outros pontos que, para já, ficam na gaveta.

O aumento da dedução das despesas educativas no IRS, a revisão das carreiras de docentes e a contratualização entre alunos e instituições são temas que, para já, ficam sem resposta.

Para o presidente da associação é também muito importante criar um “ranking” dos estabelecimentos do ensino superior, à imagem do que já acontece com as escolas do 3º ciclo. São necessárias comissões de avaliação “rigorosas, justas e imparciais” para fazer a radiografia do ensino superior: “se não tiverem qualidade, fecham-se os cursos e as instituições”.

Com a reformulação de cursos prevista no “Processo de Bolonha”, José Alberto Rodrigues considera que é importante preparar alunos, professores e instituições para que Portugal fique mais próximo do resto da Europa.

Teresa Oliveira dos Santos