Como se passou da ideia de mais uma manifestação nacional de estudantes universitários ao que hoje se vai passar em Lisboa? Antes de mais, para haver uma manifestação tem de haver um motivo. O motivo existe, e depois?

Nuno Reis, Presidente da Federação Académica do Porto (FAP), lembra que, “quer se queira quer não, o sucesso das manifestações é muito avaliado pela contagem das pessoas que estiveram presentes”. É por conhecer este critério que quem organiza uma “manif” tem de conseguir “que o máximo de pessoas possível esteja presente”.

Não vale a pena ter muita gente numa manifestação se ninguém souber o porquê do protesto. Acontece muito. Para que passe a acontecer menos, as associações académicas procuram mobilizar manifestantes informados. Há que pôr então em marcha uma campanha informativa elucidativa e, ao mesmo tempo, cativante.
No Porto, essa campanha foi orientada pela FAP, auxiliada pelas Associações de Estudantes (AEs) das faculdades, mas outras campanhas aconteceram um pouco por todo o país.

FaixaManif.jpg

Manifestantes: muitos mas informados

A campanha pensada pela FAP materializou-se nos cartazes, nos “flyers” e no “Porto Académico”. A FAP voltou a editar este antigo jornal, “que, desta vez, se apresenta mais voltado para a política educativa”, explicou Nuno Reis ao JornalismoPortoNet. Estes instrumentos ajudam “a informar as pessoas e a sensibilizá-las para aquilo que é manifestação, para a sua importância, e fazem-nas sentir que podem fazer a diferença ao participar”.

FlyerManif_23Mar.jpg

A iniciativa das associações de estudantes, em cada uma das faculdades, é um contributo importante para essa sensibilização. Vasco Costa, Presidente da AE da Faculdade de Letras da UP (FLUP), disse ao JornalismoPortoNet (JPN) que “infelizmente a maior parte das pessoas não sabe do que tratam as ‘manifs'”. Daí a importância dos cartazes e “flyers” com informação detalhada. A AE de Letras não se ficou pela distribuição da papelada. “Tivemos o cuidado de mandar uma carta para o Conselho Directivo a pedir que os alunos fossem dispensados das aulas. O pedido foi aceite. Há uma lei que diz que nós podemos festejar o nosso Dia do Estudante como quisermos”, diz Vasco Costa. A associação também andou de sala em sala a explicar o porquê da manifestação de hoje: “pedimos aos professores para falar um minuto ou dois sobre o que se ia passar”.

Associações federadas e não federadas

A FAP também preparou esta manifestação de forma diferente do que tem vindo a fazer. Nuno Reis falou ao JPN de uma “campanha própria para os estudantes do particular e cooperativo” que parece ter resultado. “Houve associações que nos pediram mais material porque o que tinham não chegou”, explicou Nuno Reis.
A FAP distribuiu o material de campanha por todas as associações de estudantes: pelas que estão federadas na FAP e pelas que não estão. Uma vez nas faculdades, o material foi distribuído pelas respectivas AEs. Conforme corresse a distribuição, estas podiam pedir, ou não, “reforços” à FAP.

A imagem da manifestação

A concepção do cartaz da campanha de divulgação da manifestação de hoje esteve a cargo do próprio Nuno Reis, auxiliado por alguém da área do design. “A minha ideia foi a de fazer um cartaz que remetesse o mais possível para a cidade do Porto. Daí o porquê daqueles desenhos estilizados da Ponte D. Luís, ao fundo no cartaz. Queria transmitir o máximo de movimento possível ao cartaz”, desvenda o presidente da FAP. O estudante de Medicina Dentária acrescentou que, para apelar à participação, se lembrou de incluir no cartaz a imagem de uma manifestação antiga de estudantes do Porto. “A parte superior dos cartazes é dominada por uma fotografia de uma manifestação de há 5 anos atrás, junto ao Governo Civil. Pretende chamar à participação”.

NunoReis_FAP.jpg

Na fase embrionária de todo o processo que antecedeu a manifestação, estiveram envolvidas quatro pessoas. A fase mais próxima da manifestação envolveu os nove membros da direcção da FAP.

Hoje

Hoje a FAP pensou levar a Lisboa no mínimo 550 pessoas, tendo sido reservados 10 autocarros. Vasco Costa, presidente da AE FLUP, disse ao JPN: “se forem cheios e aparecer mais gente, arranjam-se mais autocarros. Normalmente acontece o contrário e há autocarros que nem sequer chegam a partir porque não há gente suficiente”.
Nuno Reis lembra, no entanto, que “há pessoas e associações que se vão deslocar em carros próprios, fazendo aumentar esse número”.
O almoço vai ser assegurado pela Federação Académica, à semelhança do que se passou na manifestação de Novembro passado. “A FAP não tem meios financeiros para pagar um almoço, mas vão ser distribuídas sandes”, explicou Nuno Reis.

Ana Isabel Pereira (texto e fotos)