Terrorismo e segurança estão na ordem do dia e são motivo para reflexão no Conselho Europeu de hoje. O 11 de Março colocou definitivamente o assunto na agenda dos governos europeus e mundiais, exigindo cooperação internacional contra uma “ameaça universal”. É nestes termos que o professor Azeredo Lopes, especialista em relações internacionais, define, em declarações ao JornalismoPortoNet, o terrorismo de grupos como a Al-Qaeda.

“O terrorismo tem uma dimensão global e universal, no sentido em que é capaz de afectar com actos de terror qualquer parcela do globo, seja em Bali, seja em Nova Iorque ou, mais tradicionalmente, em Israel”, explica Azeredo Lopes.

Do terrorismo político ao terror global

Azeredo Lopes distingue o terrorismo actual também pelos seus objectivos. “Habituamo-nos a verificar que o acto de terror prosseguia um objectivo, normalmente político ou ligado à defesa dos interesses de um grupo”, diz. Hoje, o terrorismo é “um fenómeno verdadeiramente global”. Resultado: um “aumento da ameaça terrorista”.

Para o especialista, “está ultrapassado em muito o período negro do terrorismo dos anos 70″. Nessa altura, a Europa via surgir grupos políticos que levavam a cabo sequestros e ataques bombistas como meios para atingir os seus fins. Era o tempo das “Brigadas Vermelhas” em Itália, do grupo francês “Acção Directa”, do “Baader Meinhof” na Alemanha, e da transformação em grupos terroristas de organizações como a ETA e o IRA.

A ameaça terrorista tornou-se fluída e, por isso, mais difícil de combater. A somar à dimensão global do problema, assiste-se à radicalização da luta: “a acção terrorista pode passar por mecanismos que consideramos quase arcaicos e abomináveis”. Azeredo Lopes dá o exemplo do Hamas, “que fazia atentados suicidas com homens adultos, passa depois para as mulheres e, finalmente, já considera legítimos os atentados terroristas cometidos por crianças”.

Azeredo Lopes classifica o novo terrorismo como uma “junção do lado mais arcaico e bárbaro com um lado mais sofisticado e universal”. Essa sofisticação é visível nas possibilidades de um grupo terrorista ter armas químicas ou bacteriológicas. O especialista considera, porém, ao contrário de outros especialistas, que é errado falar em guerra de civilizações.