Os descendentes de pais paramiloidóticos têm 50% de probabilidades de virem a ter esta doença.

É por isso necessário que os doentes de paramiloidose se consciencializem dos riscos que uma gravidez terá para o feto. Este risco é inerente numa primeira, segunda ou terceira gravidez, invariavelmente.

À volta deste tema, abordam-se várias questões morais: será que o desejo de se ter um filho deverá sobrepor-se ao risco de ter uma criança também portadora da doença? Natália Oliveira, do Centro de Estudos da Paramiloidose na Póvoa de Varzim, afirma: “Todos nós acabamos por nos realizar na nossa vida, mais cedo ou mais tarde, através da paternidade. É evidente que qualquer casal jovem que esteja no início da sua vida e que um deles tenha paramiloidose, é óbvio que gostariam de ter filhos. Agora temos cada vez mais notado que os jovens que nos vão procurando têm uma preocupação diferente. Muitos deles decidiram de facto que, por terem a doença, não vão ter filhos. Mas temos também jovens que decidiram que querem ter filhos e por isso pretendem recorrer ao diagnóstico pré-natal para saber nos primeiros tempos se aquele feto é ou não positivo e a partir daí decidem se querem fazer ou não a interrupção voluntária da gravidez. Há ainda os que querem recorrer à fertilização in-vitro mas, que ainda é um processo muito experimental e muito desgastante para o próprio casal.”

Os progressos científicos à volta deste tema têm sido consideráveis. Conhece-se já o caso de uma mulher portadora da “doença dos pézinhos” que se encontra grávida de 18 semanas de gémeos, não infectados. Este “milagre” da ciência fica a dever-se a um método de fertilização in-vitro. O método consiste na selecção de embriões em que se pode diagnosticar a existência ou não do gene da paramiloidose. Se o gene portador da doença não existir no embrião , só há necessidade de transferir o referido embrião para o útero materno. Apesar de ser considerado um avanço bastante notório, é de ressaltar que as taxas de sucesso rondam os 20 a 25%.

O principal problema deste método é o custo monetário que implica. Os doentes que pretenderem recorrer a este tratamento necessitam de aproximadamente seis mil euros por cada tentativa. O Estado comparticipa todos os tratamentos e medicamentos para o doente de paramiloidose, mas o método da fertilização in-vitro ainda não é comparticipado.

Cátia Araújo