O lanço final do IP4, que vai ligar Matosinhos a Águas Santas, na Maia, vai ser debatido esta noite na Junta de Freguesia de Leça do Balio. Os moradores contestam o derrube de algumas habitações e a divisão de uma propriedade classificada como “zona verde”. No entanto, apenas em Maio estará definido o projecto do nó baliense, pelo Instituto de Estradas de Portugal (IEP). Nessa altura decorrerá um debate, com a presença da Câmara Municipal, do IEP e da concessionária LusoScut.

Em declarações ao JPN, Francisco Vasconcelos, proprietário de uma quinta que vai ser limitada pela construção da via rápida, afirma que “é impensável que uma auto-estrada passe no meio de uma população”. O dono defende a construção do IP4, mas aponta uma alternativa: “não seria difícil desviar um pouco o traçado antes da Via Norte para um pinhal que contorna o cemitério, fazendo com que a estrada se desviasse apenas um ou dois quilómetros relativamente ao que está previsto.

Francisco Araújo, presidente da Junta de Leça do Balio, garante que “esta contestação é já um tanto tardia”, mas compreende a necessidade de debate. O autarca refere, contudo, que o traçado, datado de 1977, é “irreversível”.

A Junta de Freguesia tem em sua posse três versões para a construção do nó de Leça do Balio, bem como um estudo de impacto ambiental que aponta já uma das alternativas como a mais viável, apesar de conter “algumas dificuldades”.

Francisco Vasconcelos refere que, com a construção do nó de ligação do IP4 à Via Norte, “pretende-se estragar e aniquilar a quinta”, que possui jardins dos séculos XVII e XVIII, bem como algumas fontes projectadas por Nicolau Nasoni. O proprietário fala em “incompetência e desleixo das autoridades” perante o património ecológico nacional.

A contestação “não pretende politizar a questão, mas antes fazer com que as autoridades percebam o que está em risco”. O morador espera que o Instituto Português do Património Arquitectónico, o Ministério das Obras Públicas e o Ministério do Ambiente critiquem o traçado, mas Francisco Vasconcelos “gostaria que a primeira crítica partisse da Câmara”.

O alerta vai ser lançado “unicamente pela via legal, através de pressão junto dos órgãos com competência na matéria”. O presidente da Junta de Leça do Balio adianta ainda que a Secretaria de Estado do Ambiente revelou que será necessário proceder a melhores estudos sobre o projecto de nó que for aprovado.

O autarca acrescenta também que, “haja a obra que houver”, a Junta pretende que as zonas de S. Sebastião e Gondivai sejam novamente ligadas. “Leça do Balio deve usufruir do benefício global desta empreitada”, comenta.

Manuel Jorge Bento