Os trabalhadores da Bombardier estiveram esta manhã em plenário para decidir formas de luta contra a situação. Esta quinta-feira os operários da empresa deslocam-se até ao Palácio de Belém para que o Presidente da República “intervenha junto do governo para que este cumpra o papel que lhe cabe”, declarou ao JPN António Tremoço, dirigente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas de Lisboa.

O sindicalista afirma que a única empresa de material circulante em Portugal tem feito uma “política de terra queimada”. Dias Alves, dirigente do Sindicato Metalúrgico e Afins (SIMA), critica também de forma dura a postura da Bombardier neste processo. A empresa justifica o encerramento da unidade de produção da Amadora em Maio com a falta de encomendas de material circulante. O dirigente do SIMA não acredita nas declarações da empresa e afirma que o encerramento tem como único objectivo “realizar capital”.

Opinião semelhante tem António Tremoço que afirma que “não é admissível que uma multinacional chegue a Portugal e queira fechar toda a produção quando sabemos que haverá mercado em Portugal”. “Esta não é uma unidade produtiva qualquer. Tem tecnologia de ponta, com “know how” próprio. Já fabricamos comboios há 70 anos”, conclui.

O sindicalista dá o exemplo do TGV como uma das possibilidades de mercado para a empresa. Dias Alves do SIMA refere também as linhas da Póvoa e da Trofa do Metro do Porto como exemplos das necessidades do mercado.

Sindicalistas critica inoperância do governo

António Tremoço considera que “não há necessidade” da Bombardier encerrar e critica a inoperância do governo: “A única empresa que fabrica material circulante em Portugal pode fechar desta maneira? Quem governa Portugal? O governo ou a Bombardier?”, questiona o dirigente sindical.

Para impedir que Portugal perca uma “unidade imprescindível ao desenvolvimento do país” é essencial, na opinião do dirigente sindical, que a Bombardier “dê a possibilidade de outros comprarem a empresa para continuar a fabricar material circulante. Neste momento, há quem a queira comprar, a Bombardier é que não quer vender”, diz o dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Lisboa.

Dias Alves diz que a empresa devia “dar hipótese aos investidores portugueses de investir. Não se trata de ter subsídios. Nós somos competitivos, a Bombardier era, a ABTrans e a Sorefame foram. Eram empresas competitivas, com “know how”, com tecnologia própria. Isso continua a ser possível em Portugal, se o governo assim o entender”.

Pedro Rios