Depois da morte do bebé de 20 meses no Amadora-Sintra, outra criança, de 6 meses, morreu ontem à tarde no mesmo hospital. Ambas as crianças encontravam-se internadas há cerca de uma semana nos Cuidados Intensivos do Amadora-Sintra, e as duas estavam com ventilação assistida.

Em declarações ao JornalismoPortoNet (JPN), a directora do serviço de Pediatria do Hospital Amadora-Sintra, Maria do Céu Machado, afirma que as duas crianças que morreram ontem eram “quadros gravíssimos”.

Mas as infecções com o adenovírus não começaram agora. “Em Dezembro tive quatro ou cinco casos ao mesmo tempo aqui no hospital, mas nenhum foi tão grave”, revelou Maria do Céu Machado ao JPN. Ainda ontem, mais duas crianças infectadas deram entrada no Amadora-Sintra.

Neste momento existem mais oito casos confirmados de infecção de crianças que frequentavam o mesmo infantário de uma das vítimas mortais, a bebé de seis meses que frequentava o infantário do Centro Social e Paroquial de Barcarena. As oito crianças dessa instituição devem ficar em casa a fim de evitar mais contágios. Mas, a primeira vítima mortal, uma criança de 20 meses, terá sido infectada numa clínica de fisioterapia, onde, alegadamente, fazia tratamentos respiratórios. No entanto, a directora dos serviços de Pediatria do Amadora-Sintra disse ao JPN que, neste momento, estão internadas no hospital crianças de dois infantários diferentes infectadas com adenovírus.

Mais três crianças no Amadora-Sintra

De acordo com Maria do Céu Machado, neste momento estão internadas três crianças com adenovírus no Amadora-Sintra, mas nehuma delas se encontra ligada ao ventilador. No entanto, a directora do serviço de Pediatria traça um prognóstico reservado quanto à evolução do estado de saúde das três crianças. De acordo com Maria do Céu Machado, neste momento não é possível afirmar que as três crianças estão fora de perigo, pois “as viroses têm uma fase inicial, uma fase de agravamento e uma fase de recuperação, e estas crianças ainda estão no meio. Os outros meninos estiveram cá internados 10 dias, e a situação agravou-se ao fim de seis ou sete”, lembra.

Focos de infecção

A Direcção-Geral de Saúde (DGS) revelou ontem, em conferência de imprensa, que as duas crianças terão sido infectadas em clínicas de fisioterapia. Ao que tudo indica, essas crianças faziam tratamentos respiratórios.

Até agora são conhecidos três focos de infecção, dois situam-se em duas clínicas de terapias respiratórias, uma em Queluz e outra no Cacém, ambas no concelho de Sintra. De acordo com um comunicado da Direcção-Geral de Saúde (DGS), quatro crianças infectadas com adenovírus terão frequentado essas clínicas. O terceiro foco de infecção é o infantário do Centro Social e Paroquial de Barcarena, frequentado por algumas das crianças que se encontram internadas com o vírus.

Mas, de acordo com Maria do Céu Machado, não há nada que prove a localização exacta dos focos de infecção. A directora do serviço de Pediatria do Amadora-Sintra refere que o facto de algumas das crianças infectadas frequentaram o mesmo infantário e clínicas de fisioterapia pode apenas indicar que sejam esses os principais focos de infecção, e refere que “o ponto comum é que várias crianças andavam a fazer cinesiterapia [ginástica respiratória] nas clínicas”.

Epidemia?

Duas crianças infectadas com adenovírus, uma com seis meses e outra de um ano, continuam ainda internadas no serviço de pediatria do Hospital Amadora-Sintra. Entretanto, a administração do Amadora-Sintra decidiu encerrar os internamentos pediátricos a fim de evitar uma epidemia. Mas Maria do Céu Machado refere que, neste momento, “estamos no meio de uma situação que não sabemos ainda se é epidemia ou não”. E acrescenta que, “como o período de incubação do adenovírus são dois a 14 dias, ainda não sabemos se vão aparecer mais ou se vão aparecer casos mais graves”. “Estamos todos expectantes e de vigilância armada”.

Relativamente aos testes feitos nas duas crianças internadas no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, os resultados foram negativos. Quanto às suspeitas relativas ao Hospital da CUF, nada foi ainda confirmado e aguardam-se os resultados das análises do Instituto Ricardo Jorge.

Ana Correia Costa