O Campo de Férias Desportivas repetiu-se em Pedras d’el Rei, Tavira. As queixas de turistas, proprietários e algarvios também. De quarta-feira a domingo, não houve dia em que à recepção do aldeamento não chegassem pessoas incomodadas pelo barulho e mau comportamento dos estudantes e furiosas com os estragos, provocados nomeadamente pela embriaguez e excesso de álcool. Nuno Reis, presidente da Federação Académica do Porto (FAP), em declarações ao JornalismoPortoNet (JPN), afirmou ser “praticamente inevitável que num grupo de 700 pessoas, haja um ou outro estrago”. As queixas que a direcção do aldeamento fez chegar à FAP não ultrapassaram o que “habitualmente acontece todos os anos”.

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Barulho fora de horas e danos materiais em Pedras d’el Rei e no Barril

O técnico de desporto, Daniel Vieira, explica que as queixas foram de “barulho fora de horas, antes e depois dos participantes irem para a festa no Barril”. Na recepção do aldeamento houve quem lembrasse à administração que o aldeamento ficava numa reserva natural e mesmo que não ficasse, se estava a violar a lei do ruído.

Para além do barulho, os queixosos apontaram o dedo aos estragos que os estudantes provocaram no aldeamento. Houve um grupo que jogou à bola com as bolas de vidro dos candeeiros do aldeamento. Alguém roubou a placa da Loja Fresca, o supermercado de Pedras d’el Rei. Marta Couto contou ao JPN que durante as vistorias às casas, foram recuperados mecos das obras que estão a decorrer na parte oeste do aldeamento e tabuletas que tinham sido arrancadas no recinto da praia. As equipas que inspeccionaram as casas também encontraram casas de banho com portas e puxadores estragados.
O gerente do Bar/ Esplanada da Praia do Barril, o Sr. Correia, diz que as festas dos estudantes dão uma trabalheira que passa por limpar e arrumar todos os dias o bar. “Por muito dinheiro que se consiga, pelo menos da minha parte, não vejo assim grande rendimento”, confessa o algarvio.
Aproximava-se o fim de semana quando falamos com o gerente no Barril. Este receava a afluência dos locais: “o ambiente tem estado mais ou menos. Os dias perigosos são hoje e amanhã. Vem gente aí das redondezas que as vezes não se sabe comportar. Eu tenho medo que eles possam armar conflitos. Não era a primeira nem a segunda vez”. Durante o fim de semana, a segurança esteve na ponte que dá acesso à praia e revistou as pessoas que não tinham credencial. A outra gerente do bar, a D. Marília, disse ao JPN que estes dias ficou a dormir num quarto da praia: “fico cá a dormir porque me levanto muito cedo para arrumar esta confusão e também para deitar o olho à festa e ver como tudo corre”.

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O sistema de som, usado para as festas à noite na praia do Barril, desapareceu mais do que uma vez. “Quando desaparecia ia parar ao after hours. Algumas das pessoas que estavam nos afters eram quem tinha acesso ao local onde estava guardado o som”, disse Marta Couto. O sistema de som, por norma, era guardado na praia onde decorriam as festas, mas na noite de sexta-feira para sábado foi guardado no secretariado, junto à recepção do aldeamento, porque as actividades desportivas se iam realizar na piscina e o som ia ser utilizado. As colunas, com um metro de altura e pesadas, também desapareceram do secretariado.
Os seguranças foram chamados mais que uma vez para ir às casas acabar com as festas after hours e recuperar o sistema de som. Os proprietários de casa em Pedras d’el Rei e aqueles que simplesmente lá passam férias, queixaram-se especialmente do barulho destas festas ao nascer do dia.

Por duas ou três vezes foram levados participantes ao Hospital de Faro, a unidade mais perto do aldeamento depois das 23 horas, disse Marta Couto ao JPN. Os participantes assistidos em Faro, sentiram-se mal por causa do excesso de alcool. Uma estudante da Faculdade de Medicina perdeu mesmo os sentidos quando se dirigia para à festa no Barril, pouco passava da meia-noite.

Quando não são apurados os culpados pelos estragos, “é a FAP que tem que pagar os estragos”, lamentou Daniel Vieira. Quando se sabe quem causou os estragos, os participantes repõem a conta directamente ao aldeamento através do depósito do cheque de caução.
Para além do pagamento dos estragos pela FAP, há quem peça indemnizações pelo material e bem-estar lesados. São sobretudo os estrangeiros que levam os pedidos de indemnização até ao fim e é o aldeamento que paga as indemnizações.

O aldeamento vai continuar a receber as Férias Desportivas

Daniel Vieira acredita que, apesar das reclamações, o aldeamento vai continuar a receber o Campo Férias Desportivas: “eles querem continuar a receber-nos. O dinheiro que a FAP paga compensa” as indemnizações que o aldeamento tem que pagar às pessoas lesadas e os prejuízos que eventualmente possa ter.
Nuno Reis disse ao JPN que, de acordo com a direcção do aldeamento, os estragos não fugiram ao habitual” e que “o aldeamento continua a ter interesse” em receber os estudantes da UP.

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No entanto, de ano para ano, o aldeamento tem disponibilizado menos casas para os participantes e a justificação que deu à FAP tem a ver com o comportamento inadequado de algumas equipas. “Este ano, tentamos combater isso com as rondas periódicas às casas. Queremos que as pessoas se divirtam mas com responsabilidade”, disse Nuno Reis ao JPN.

Ana Isabel Pereira (texto e fotos)