Ana Monteiro, presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), admitiu que a sua instituição “é uma das maiores faculdades em termos do público estudantil da invicta e, portanto, é uma das maiores vítimas do desinvestimento estatal nos estabelecimentos do ensino superior público”.

Em declarações ao JornalismoPortoNet (JPN), a directora relembrou que “o número de docentes excede as quotas, de acordo com a contabilidade do Ministério da Ciência e Ensino Superior“. Ana Monteiro apela à discussão deste tema e revela a necessidade de manter o número de docentes: “a faculdade não tem só cursos de papel e lápis, tem cursos com uma grande necessidade de acompanhamento e de tutoria e acabamos por ser vítimas do desinvestimento”.

Questionada sobre o possível despedimento de alguns docentes de Línguas, já divulgada pelo Jornal de Notícias, a presidente do Conselho Directivo da FLUP negou essa intenção. “Procuraremos encontrar quadros de gestão rigorosos e, eventualmente, podemos não ter uma folga financeira que nos permita fazer todas as apostas ou não caminhar à velocidade que gostaríamos, mas à que podemos”, explicou.

Luís Azevedo, vice-presidente da Associação de Estudantes da FLUP, questionado sobre as declarações de Ana Monteiro, emitiu apenas um comentário: ” chamam-lhe requalificação, penso que é a palavra que eles usam”.

Aposta na formação ao longo da vida

Na sessão de abertura da Expoletras, um evento que pretende “criar um espírito de camisola” na faculdade, Ana Monteiro revelou ao JPN o investimento em “outro tipo de formação para servir o público que pretende voltar à universidade ao longo da sua vida”. Os projectos para o futuro passam pela consolidação dos cursos existentes em licenciaturas e pós-graduações estruturais das Humanidades.

O objectivo é “mostrar que vale a pena fazer investigação ou aprender novas competências nesta área em qualquer época da nossa vida. Falamos de uma área do saber que é oportuna em qualquer altura da nossa vida profissional e pessoal”. Ana Monteiro reconhece que “a faculdade não tem apostado o que deveria nesses cursos de formação”.

A presidente do Directivo de Letras acrescentou que está a ser criado um canal direccionado para cursos de especialização, “abrindo assim um leque imenso de formações”. Esta aposta da FLUP reflectiu-se já na criação de 30 cursos de pós-graduação em três anos. Ana Monteiro aguarda decisões a nível nacional quanto ao processo de Bolonha, “que vai obrigar a reflectir e reestruturar internamente, mas que certamente vai ser o grande desafio nos próximos anos”.

Manuel Jorge Bento