O planeamento da intervenção militar no Iraque teve início em Novembro de 2001, ou seja, dois meses depois dos ataques terroristas aos Estados Unidos. Segundo o Público (link temporário), esta é apenas uma das revelações de “Plan of Attack”, o último livro de Bob Woodward, jornalista do “Washington Post”.

Mais polémico que “Bush at War”

Foi escrito depois dos ataques às Torres Gémeas, em Nova Iorque, e é uma das muitas publicações de Woodward que têm como pano de fundo a política norte-americana. Na altura da sua publicação, “Bush at War” revelou, num texto baseado em fontes da Casa Branca, a reacção do Presidente dos EUA, George W. Bush, aos ataques de 11 de Setembro.

Se “Bush at War” provocou celeuma e algum desconforto entre os membros da Administração Bush, “Plan of Attack”, que, traduzido à letra, significa “Plano de Ataque”, suscitou polémica antes mesmo da sua publicação, prevista para esta semana.

Além de desvendar que a intervenção militar no Iraque estava delineada desde Novembro de 2001, Woodward relata ainda em que moldes foi traçada essa estratégia. O repórter do “Washington Post” refere que, dois meses depois dos ataques terroristas do 11 de Setembro, Bush pediu ao seu secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, a elaboração de uma estratégia de invasão para o Iraque. Isto numa altura em que a guerra no Afeganistão era a grande prioridade da Administração norte-americana, para aquilo que Bush designou por “combate ao terrorismo”.

Woodward diz ainda que George Bush pediu a Rumsfeld que este mantivesse secreto o plano para uma invasão ao Iraque, não devendo revelar essa intenção nem mesmo ao director da CIA, George Tenet, ou à conselheira de Segurança Nacional, Condooleza Rice.

As dúvidas de Colin Powell…

De acordo com Bob Woodward, o secretário de Estado Colin Powell tinha, na altura, algumas dúvidas quanto a uma possível intervenção militar no Iraque. Segundo Woodward, Powell não acreditava numa ligação de Saddam Hussein aos atentados de Nova Iorque, daí que se tenha mostrado reticente quando o vice-presidente, Dick Cheney, insistia em associar o então presidente do Iraque aos ataques terroristas de 11 de Setembro. Essa discordância terá estado na origem de um azedar das relações entre Powell e Cheney. De acordo com o que Woodward descreve em “Plan of Attack”, a relação entre os dois membros da Administração Bush piorou nos meses que antecederam a intervenção no Iraque.

O jornalista refere ainda que Colin Powell não partilhava a “fixação doentia” de Dick Cheney relativamente ao Iraque, e diz que derrubar Saddam Hussein era uma obstinação do vice-presidente e dos outros membros da Administração norte-americana desde a tomada de posse de George W. Bush, em Janeiro de 2001.

… e a proposta feita a Tony Blair

Em “Plan of Attack”, Woodward refere ainda que o presidente norte-americano teria dado ao primeiro-ministro britânico, Tony Blair, a hipótese de não envolver as tropas britâncias no território iraquiano. De acordo com o jornalista, Bush receava que Blair fosse afastado do governo britânico devido à pressão da opinião pública. Tony Blair terá recusado a proposta de Bush, tendo enviado tropas britânicas para o terreno.

Foto: Reuters

Ana Correia Costa