Porto e Corunha disputam hoje os primeiros 90 minutos das meias-finais da Liga dos Campeões.

Por esta altura, no ano passado, Milan, Juventus, Real Madrid e Inter de Milão discutiam a passagem à final da Liga dos Campeões (LC). Na edição deste ano, Porto, Corunha, Mónaco e Chelsea são os candidatos ainda em luta pelo troféu.
Destas quatro equipas, só o conjunto português venceu no passado a prova máxima da UEFA, então com a designação de «Taça dos Clubes Campeões Europeus». Desta forma, três equipas procuram a primeira vitória na competição e o FC Porto não é, propriamente, um colosso europeu. A Liga dos Campeões ganha em emoção, mas talvez a UEFA perca em receitas televisivas.

Estatísticas à parte, o Mónaco venceu ontem o Chelsea e deu um passo importante rumo a Gelsenkirchen. No Estádio do Dragão disputa-se hoje, a partir das 19h45, a outra meia-final. FC Porto e Deportivo da Corunha medem forças e chegam a esta fase decisiva da competição após terem eliminado crónicos candidatos.

O percurso dos dragões

Na fase de grupos, o Porto perdeu apenas um jogo, em casa e com o Real Madrid. O 1-3 com que o jogo terminou deixou a equipa de José Mourinho numa situação delicada logo na segunda jornada, com um ponto em seis possíveis. A necessidade de vencer o Marselha na dupla jornada com os franceses traduziu-se nas vitórias por 3-2, em França, e por 1-0, nas Antas. Após ter vencido o Partizan por 2-1, a visita a Madrid fez-se em ritmo de passeio. Um empate a uma bola traduziu-se no segundo lugar do grupo, logo atrás do Real Madrid.

Nos oitavos-de-final, a sorte colocou o Manchester no caminho dos azuis e brancos. Com alguma arrogância britânica pelo meio, os ingleses foram surpreendidos e acabaram eliminados. Costinha silenciou o mítico Old Trafford com um golo aos 90 minutos, suficiente para carimbar a passagem à eliminatória seguinte. O empate a uma bola deu forma à vitória por 2-1 no Dragão. Seguiu-se o campeão francês, o Lyon. 2-0 em casa e 2-2 fora traduziram a superioridade do FC Porto.

Dez anos depois da derrota em Barcelona por 3-0, o Porto atinge o último obstáculo antes da final. Mourinho e pupilos continuam o percurso vitorioso iniciado na época passada. A excelente campanha europeia deste ano valoriza ainda mais a conquista da Taça Uefa 2002/2003. O sucesso do Porto acaba por ter como consequência a cobiça de alguns jogadores. Nomes como Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira e Deco são frequentemente tidos como futuras contratações de alguns dos clubes mais poderosos do velho continente.

Italianos domados

A campanha do Corunha ficou marcada por dois resultados antagónicos. A derrota por 8-3, com o Mónaco, e a recente vitória sobre o Milan, por 4-0, são momentos incontornáveis do percurso da equipa espanhola até às meias-finais.

Na primeira fase, o Corunha terminou em segundo lugar no grupo C, atrás do Mónaco e com os mesmos pontos do PSV. Com 12 golos marcados e outros tantos sofridos, os galegos perderam dois jogos, empataram um e venceram três. A derrota por 8-3 com os monegascos não foi capaz de ensombrar a performance europeia do conjunto orientado por Javier Irureta.

Nos oitavos-de-final, os espanhóis eliminaram a Juventus, vice-campeã europeia em título. Duas vitórias por 1-0 foram suficientes. O adversário seguinte foi o Milan, campeão europeu em título. Oito minutos de desacerto viraram um resultado de 1-0, a favor do Corunha, para 4-1. Kaká e companhia viajaram para a Galiza já a pensar no embate mais que provável com o Porto. Irureta prometeu que ia até Santiago de Campostela de joelhos, caso eliminasse o Milan. Se os deuses o ouviram, ninguém sabe, mas os italianos tombaram e perderam por 4-0.

O Corunha sobe hoje ao relvado do Dragão a pensar única e exclusivamente na LC, já que a vitória no campeonato espanhol está colocada de parte. Pandiani, Luque, Jorge Andrade, Valerón sobressaem num conjunto agerrido e batalhador, ao qual não falta arte e talento.

A primeira-mão da meia-final da LC, que opõe Porto e Corunha, joga-se hoje às 19h45. A segunda-mão está agendada para 4 de Maio e joga-se no Riazor.

Germano Oliveira