Grandes alterações foram registadas nos meios laboral e sindical nestes 30 anos depois do 25 de Abril. O JornalismoPortoNet foi saber quais.

No dia 25 de Abrildeste ano, a democracia está de parabéns. Comemoram-se trinta anos desde o dia em que a Revolução derrubou um regime antidemocrático e as suas estruturas, instauradas durante quase 50 anos de repressão. Nos meios laboral e sindical, verificaram-se grandes alterações desde a Revolução dos Cravos.

No meio laboral, as greves faziam parte das práticas condenadas pelo Estado e vigiadas pela polícia, porque às classes trabalhadoras não assistia o direito de reivindicar o que quer que fosse. Sindicatos, antes do 25 de Abril? Sim, havia-os com esse nome, mas o seu papel era decorativo. Na ordem corporativa de Salazar, os sindicatos giravam na órbita do Estado e a sua autonomia era meramente fictícia. Entrevistas realizadas com Avelino Gonçalves, ex-dirigente do Sindicato dos Bancários, e Rui Viana, dirigente do Sindicato dos Funcionários Judiciais, revelaram no entanto que alguns sindicatos tinham alcançado já alguma independência. Apesar disso, como realça Jorge Pinto, do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços do Norte (Cesnorte), a maior parte dos sindicatos estava de facto sob a alçada do Estado; esta situação só se alterou com o 25 de Abril de 1974.

Manifestção 25 de Abril

Na época que se seguiu à Revolução dos Cravos, verificaram-se grandes alterações no movimento sindical e no meio laboral. Por um lado, os sindicatos centraram-se na defesa dos direitos dos trabalhadores. Por outro lado, os primeiros governos provisórios preocuparam-se com a elaboração das leis sindicais, que consignassem os direitos fundamentais dos trabalhadores portugueses. Avelino Gonçalves, dirigente do Sindicato dos Bancários antes do 25 de Abril, foi também ministro do Trabalho no primeiro Governo Provisório a seguir à Revolução. Ninguém melhor do que ele pode descrever quais os passos tomados no sentido de garantir os direitos dos trabalhadores e legalizar a acção dos sindicatos portugueses.

Os sindicatos passaram por diversos ciclos nestes 30 anos: uns de crescimento, outros de luta reivindicativa, outros ainda de crise. No entanto, o movimento sindical foi o que mais evoluiu; consagraram-se os direitos dos trabalhadores e assumiu um peso muito importante, que ainda hoje se mantém. Passados trinta anos, o movimento sindical tem sido reconhecido como um actor fundamental no desenvolvimento democrático da sociedade.

Ana Sofia Ribeiro