Apesar de um último dia atribulado, o golfista português com melhores classificações recuperou o título que lhe havia fugido em 2003 para Henrique Paulino. António Sobrinho chegou à última volta ao circuito com uma vantagem de 14 “shots” sobre Tiago Cruz.

O último dia parecia destinado a cumprir calendário: “já me sentia campeão. Com tantas pancadas de avanço, tinha de fechar mesmo muito mal e os outros jogarem muito bem”. A reconquista do campeonato era uma evidência e não foi complicado: “mesmo jogando mal os últimos nove buracos, o pior que joguei durante toda a semana, ganhei com sete pancadas de avanço”, acrescenta o golfista.

Tiago Cruz foi a surpresa do torneio

Há um ano, Sobrinho baqueou no buraco 12, número que voltaria a revelar-se aziago para o golfista: “é a minha besta negra. Sempre que jogava a esse buraco, as minhas pernas tremiam”, confessa. O golfista falhou e fez um “duplo bogey”.

A luta pelo triunfo parecia poder ser relançada, precisamente porque foi essa a altura que Tiago Cruz “escolheu” para brilhar. O golfista amador arrancou um espectacular “eagle”. Com seis pancadas abaixo do par, arriscava-se a bater um novo record do campo.

Mas dois bunkers, nas estações 14 e 16, fizeram Tiago Cruz perder todas as esperanças de ser campeão e necessitar de um “eagle” no último buraco para bater o recorde do campo. Ainda teve um “putt” para o conseguir mas teve de se contentar com um “birdie”. Com 62 pancadas, igualou o record de José Dias, Nelson Cavalheiro e António Sobrinho, jogadores profissionais, e bateu o record amador.

Tiago Cruz foi a surpresa deste torneio, inclusivé para António Sobrinho, que não esperava uma evolução tão grande: “o Tiago surpreendeu-me muito. A última vez que joguei com ele foi em 2002 e, na altura, não conseguiu aguentar a pressão de jogar comigo. Teve uma mudança enorme, para melhor. Foi do mais positivo que houve no torneio.”

Maior vantagem de sempre

A conquista deste Campeonato Nacional de Profissionais Mota Engil 2004 era um dos objectivos da época de António Sobrinho. O outro é a Escola e Qualificação do European Tour. O golfista não estabelece hierarquias: “são dois torneios diferentes. O campeonato nacional é um objectivo e a Escola é outro.” Contudo, vencer o campeonato era importante, na medida em que nunca António Sobrinho tinha ficado dois anos consecutivos sem ser campeão. No final, sete “shots” de diferença entre os dois primeiros classificados. O campeão nacional terminou com um total de 264 pancadas (67+64+64+69), oito abaixo do par.

Esta foi a maior vantagem dos oito títulos de Sobrinho, embora em 2002 o seu resultado bruto tenha sido melhor: 263 pancadas, nove abaixo do par. António Sobrinho reforçou a liderança na tabela da Ordem de Mérito publicada pela PGA Portugal, da qual constam até ao momento mais duas provas: o Open da Madeira e o Open do Algarve.

Top Five

– António Sobrinho (Vale do Lobo), 264 (67+64+64+69) pancadas – 8 abaixo do par – 5000 euros
– Tiago Cruz (Morgadinhos/amador), 271 (71+68+70+62) pancadas – 1 abaixo do par – sem direito a prize Money
– Alfredo Cunha (Ponte de Lima), 282 (70+74+72+66) pancadas – 10 acima do par – 3000 euros
– Paulo Ferreira (Amarante/amador), 284 (73+71+74+66) pancadas – 12 acima do par – sem direito a prize Money
– Sérgio Ribeiro (Miramar), 287 (74+72+69+72) pancadas – 15 acima do par – 2000 euros

André Morais