«Portugal na União Europeia: que futuro?» foi o tema de um debate organizado pela Associação de Estudantes da FEP. A reunião contou com a participação de José Silva Peneda do PSD, José Ribeiro e Castro do CDS/PP, Manuel António dos Santos do PS e Ilda Figueiredo pelo PCP.

Manuel dos Santos, deputado ao Parlamento Europeu pelo PS, afirma que no domínio político o país “só tem a ganhar” com o alargamento, porque neste plano os países aderentes “são muito semelhantes” a Portugal. O deputado europeu vai mais longe e afirma que se o país “perder no plano político é porque alguém não soube negociar”.

Para José Ribeiro e Castro, eurodeputado pelo CDS/PP, Portugal tem “capacidade para responder aos novos desafios” até porque “há novos desafios mas também se abrem novos mercados e isso é muito importante para o desenvolvimento da economia”.

As críticas do PCP fizeram-se ouvir pela voz de Ilda Figueiredo que considera que “Portugal já está a perder” e que “apesar de haver algumas empresas capazes de beneficiar [com o alargamento], a grande maioria não tem essa capacidade”. Para a deputada ao Parlamento Europeu, “o perder ou ganhar vai depender das políticas adoptadas” e acrescenta que neste domínio o país não “tem tido estratégia nenhuma”.

Também José da Silva Peneda, ex-secretário de Estado, acredita que o facto de ganhar ou perder só depende dos portugueses. Mas, ao contrário dos restantes oradores, defende que “não são apenas as políticas públicas que respondem ao problema” e sim a capacidade de reacção de todos os cidadãos.

A Europa vai-se tornar mais pró-americana?

Esta foi outra das questões que esteve sobre a mesa e que suscitou diferentes respostas por parte dos intervenientes. Para Manuel dos Santos “a união transatlântica tem de existir”, mas “é preciso que a Europa tenha uma visão integrada sobre os desafios que se colocam [com o alargamento] ”. O eurodeputado do PS acredita que a “única forma de travar os EUA é apostar numa Europa forte”.

Também Ribeiro e Castro defende que a aliança transatlântica tem de existir e que EUA e Europa têm de trabalhar “em conjunto”, “até para combater as ameaças que surgem, tais como o terrorismo”. José da Silva Peneda partilha esta opinião e acrescenta que Portugal é pró-europeu só que actualmente vive-se “num mundo global onde tudo influencia tudo”.

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A única voz discordante foi a de Ilda Figueiredo que considera que esta questão está relacionada “com a Guerra do Iraque e com as posições dos países” perante esse problema. A eurodeputada pelo PCP acredita que os países aderentes “iam estar de acordo com a coligação britânico-americana” o que “não contribui para a segurança e paz no mundo”.

A capacidade de reacção de Portugal no plano competitivo foi outro dos temas abordados neste debate. Todos os oradores reconhecem que a Europa tem excesso de burocracia e por isso tem dificuldades em cativar os quadros técnicos e superiores. Para os intervenientes ainda há muito caminho a percorrer até se atingir uma Europa mais competitiva.

Andreia Parente

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