Carlos Daniel levantou a ponta do véu daquele que é ainda um mundo cheio de mistérios para os mais jovens – o jornalismo . O pivot da RTP foi um dos oradores do debate que decorreu na passada sexta-feira, na Escola Básica de Paranhos, a propósito da Presidência Aberta de Jorge Sampaio sobre Educação. Isabel Alçada, bem conhecida do público mais jovem pelos livros «Uma Aventura», que escreve com Ana Maria Magalhães, foi a outra voz do debate.

A importância da língua portuguesa foi o tema de fundo. No entanto, a curiosidade dos alunos que fizeram parte do público – onde também se encontrava o Presidente da República – acerca do mundo do jornalismo foi mais forte. Carlos Daniel concordou em falar da sua experiência enquanto jornalista, para os alunos “irem já percebendo um bocadinho deste mundo”.

“O português é crucial”

“O essencial para se ser bom jornalista é ter cultura, é saber o que está a acontecer, saber o que se passa à nossa volta”, realçou. Carlos Daniel salientou a importância da língua portuguesa para quem faz jornalismo, e referiu que ter cultura passa por dominar bem o maior instrumento de cultura dos portugueses, que é a língua.

Gosto pela comunicação

O jornalista da RTP confessou que, por volta dos 12/13 anos, começou a perceber que “gostava de falar com as pessoas, trocar ideias e levar alguma coisa às pessoas”. Foi nessa altura que percebeu que “queria viver no meio da comunicação”: “comecei a perceber que não queria que a minha vida fosse dentro de um gabinete ou de um escritório, embora às vezes vá sendo por obrigação”.

“Quando está a fazer as entrevistas sente-se nervoso?”

Carlos Daniel confessou que normalmente fica “sempre um bocadinho nervoso”. E explicou que, “quando o trabalho começa a ser muito repetido, o nervosismo diminui”. “O grande desafio é quando é diferente, e normalmente uma entrevista é quase sempre diferente”, porque “cada entrevistado é diferente do outro”. “E, por muito que às vezes pareça o contrário, o entrevistado ainda é a parte mais importante da entrevista”, explicou.

“Ouvir a resposta”

Para Carlos Daniel, saber “ouvir a resposta” do entrevistado enquanto se preparam outras perguntas é fundamental “para se entrevistar bem”. Para fazer uma boa entrevista, há que “cruzar as perguntas com as respostas”, explica o jornalista.

Desafios…

Quanto ao “aspecto mais interessante do jornalismo”, Carlos Daniel referiu o facto de o seu trabalho “nunca ser repetitivo”: “O trabalho do jornalista é sempre um desafio novo, e o que mais me fascina é o facto de saber que nunca vou trabalhar tendo a certeza de como é que vai acabar o dia”.

“Um mundo difícil”

“Vocês têm a ideia de que os jornalistas têm uma ‘vida santa’, um pouco como os políticos ou como os cantores: viajam muito e estão sempre a ver tudo”, disse Carlos Daniel, explicando aos jovens “perguntadores” que ser jornalista “não é só ser conhecido e aparecer nas capas das revistas”.
No final, o pivot deixou um conselho: “É um mundo muito difícil, e acho que só deve avançar para ele quem gostar mesmo muito”.

Ana Correia Costa