Esta organização de defesa dos direitos humanos refere que as forças britânicas estão implicadas na morte de 37 civis iraquianos. Este número diz respeito a uma averiguação feita pela Amnistia a partir de 1 de Maio de 2003, altura em que foi oficialmente declarado o final da guerra no Iraque.

A actuação das forças militares da coligação está uma vez mais em xeque. Depois de denunciadas as sevícias cometidas por soldados norte-americanos contra prisioneiros iraquianos em Abu Ghraib, conhece-se agora mais um caso que vem abalar ainda mais a confiança na actuação das forças militares da coligação no Iraque.

Civis não eram ameaças

De acordo com o relatório divulgado esta terça-feira em Londres pela Amnistia Internacional, “soldados britânicos dispararam e mataram civis no sul do Iraque em circunstâncias em que, aparentemente, não constituíam uma ameaça iminente”.

Menina de oito anos morta a tiro

Um dos oito casos de que o relatório da Amnistia Internacional dá exemplo é o de Hanane Saleh Matroud, uma menina de oito anos morta a tiro a 21 de Agosto do ano passado, na cidade de Karmat Ali. O tiro foi disparado por uma patrulha da companhia B do 1º batalhão do King’s Regiment.

O relatório apresentado pela Amnistia cita uma carta que foi enviada pelo Exército de Londres à família da menina em 12 de Outubro. Nesse documento, o Exército britânico admite que “um soldado disparou para o ar para dispersar pessoas que lançavam pedras contra a sua patrulha”. De acordo com a organização para a defesa dos direitos humanos, a carta referia ainda que a “sugestão, segundo a qual a ferida [sofrida pela menina] teria sido provocada por um disparo de aviso, não ficou provada, ainda que tal possa ser uma possibilidade”.

Mortes foram mantidas em segredo

O relatório da Amnistia Internacional refere ainda que, “em vários casos, o Exército britânico não abriu um inquérito” para apurar em que circunstâncias tinham ocorrido as mortes. “Nos casos em que foram abertos inquéritos, a polícia militar britânica agiu sob o maior dos segredos, avançando poucas informações, ou mesmo nenhumas, aos familiares das vítimas acerca do desenvolvimento ou conclusão das investigações”.

O relatório «Mortes de civis em Bassorá e al-‘Amara» resulta de uma investigação levada a cabo pela Amnistia Internacional entre Fevereiro e Março deste ano. A organização diz que, “longe de terem sido libertados, os iraquianos continuam a viver num clima de medo e de insegurança”.

Foto: BBC

Ana Correia Costa