Apresentado a pouco mais de um mês do Verão, o novo plano é o maior investimento de sempre neste sector. Vai custar 113 milhões de euros e pretende evitar que a catástrofe do ano passado se repita (mais de 420 mil hectares de floresta ardida e 21 mortos).

O governo pretende implementar um conjunto de acções que passa pelo reforço do número de bombeiros, forças militares e meios aéreos.
O programa de combate está dividido em duas fases. A primeira decorre durante o mês de Junho e vai integrar 138 grupos de primeira intervenção, 31 grupos de apoio e 169 veículos.
A segunda fase ocorre entre 1 de Julho a 26 de Setembro e vão estar 3.637 homens envolvidos, 604 grupos de primeira intervenção, 191 grupos de apoio e 795 veículos.

O Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) recebeu 20 viaturas de combate aos fogos florestais. O SNBPC estará também preparado com dois helicópteros, durante o mês de Junho. Em Julho, Agosto e Setembro, os meios aéreos passarão para 38. O plano prevê ainda a formação de profissionais desta área.

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No programa de prevenção foram destacados dez mil pessoas, desde diversas corporações de bombeiros, guardas florestais, militares, GNR, jovens integrados em programas de ocupação de tempos livres e beneficiários do rendimento de reinserção social.

O plano contempla a interligação das redes de vigilância dos bombeiros e do Ministério da Saúde. Vai ser ainda levada a cabo a “operação limpeza das matas” que vai contar com o apoio das autarquias locais.
No entanto, esta tarefa poderá não ser muito eficaz visto que cerca de 85% da zona florestal portuguesa é privada.

Críticas incendiadas ao programa global de prevenção de incêndios

São muitas as vozes que se levantam contra o plano de prevenção e combate aos incêndios, considerando-o pouco ambicioso. A oposição acredita que na prática esta estratégia não irá eliminar as falhas de coordenação e as deficiências logísticas que foram em parte responsáveis pela tragédia no Verão passado.

O deputado do PS, Luís Carito acusa o governo de se estar a desresponsabilizar quando atribui a culpa dos incêndios do ano passado às condições atmosféricas. Carito diz que os portugueses têm razões suficientes para ficarem preocupados com a redução dos meios aéreos: “Como se não bastasse foi retirado o único meio aéreo (um helicóptero) que ajudava no combate aos incêndios no Algarve. Não entendo o que é que o governo pretende com estas medidas”, acrescenta.

Isabel Castro, deputada dos Verdes, considera que o programa de prevenção e combate de incêndios é “frouxo” e que este não respeita a dimensão da catástrofe que tem de ser evitada.
A deputada acha escandaloso o facto da zona do Algarve, nomeadamente Monchique, que foi fustigada pelo fogo no ano passado e que pertence à Rede Natura, ter sido excluída do programa.
A representante dos Verdes mostrou-se ainda indignada com a medida do governo de implementar um GPS (Sistema de Posicionamento Global) por distrito: “é fundamental um GPS por unidade de comando. Isso é brincar com coisas sérias”, explica.

Críticas a parte, este programa conta com a maior cooperação interministerial de sempre, entre os ministérios da Agricultura, da Administração Interna, do Trabalho e Segurança Social, da Ciência e Ensino Superior, da Justiça e do Ambiente e a secretaria de Estado da Juventude e Desportos.

Carla Sousa

Foto:cm-cinfaes