A biblioteca do conhecimento on-line (b-on) é uma ferramenta virtual que disponibiliza o acesso integral a artigos de seis editoras de renome do domínio das ciências. A fase embrionária foi da responsabilidade da Unidade Missão Inovação e Conhecimento (UMIC) e a vertente operacional é controlada pela Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN). Arrancou a 17 de Abril e está perto das 62 000 visitas, embora se possa aceder directamente aos textos através dos sites das próprias editoras.

Para se poder consultar os recursos disponibilizados, é necessário utilizar um computador que pertença a uma instituição aderente. Por exemplo, se utilizarmos uma máquina de um qualquer ciber café, não é possível realizar qualquer pesquisa. Por outro lado, se nos encontrarmos na Universidade do Porto (UP), ao introduzirmos, por exemplo, “Freud” no motor de pesquisa rápida, obtemos 7381 referências, distribuídas pelas várias editoras. Podemos procurar por títulos, autores, palavras, entre outras das habituais opções. Isto acontece na UP, porque a instituição aderiu ao projecto desde o arranque. A adesão ronda os 80% na comunidade académica e científica portuguesa.

O valor a pagar por cada entidade para aderir à b-on é definido através de uma fórmula. Num primeiro momento, calcula-se o número total de utilizadores. Num segundo momento, calcula-se o peso percentual dos utilizadores de cada instituição relativamente ao total. Chega-se à parcela correspondente a cada instituição multiplicando-se a percentagem calculada no segundo passo por 50% do montante a pagar às editoras.

Reacções e futuro

José Fernandes, da UMIC, sublinha a cadência elevada de visitas à página, particularmente durante os primeiros dias. Esclarece que o sistema foi atacado por um vírus, rapidamente eliminado. Quanto à utilização da biblioteca virtual, afirma que, “de vez em quando, um ou outro investigador lá diz que não consegue aceder a um artigo.” Ainda assim, sublinha que, “muitas vezes, isso acontece devido a erros na pesquisa.”

No geral, as reacções têm sido positivas. “Aquele horror de andar horas a fio à procura de textos nas bibliotecas pode agora dar lugar a uma demora de 10 a 15 minutos, em vez de se perder uma manhã ou um dia. As pessoas apreciam isso.” É no seguimento da eficácia do novo meio que têm surgido mais instituições interessadas em aderir à b-on.

Actualmente, o UMIC e a FCCN são responsáveis pelo funcionamento da biblioteca. O futuro passa pelo estabelecimento de um consórcio de acordo com a representatividade das instituições. Pretende-se dar forma a uma gestão equilibrada, que possa definir e optimizar os recursos. José Fernandes menciona ainda outros objectivos. “A b-on deve ser uma biblioteca digna desse nome. Esperamos reunir o conjunto de recursos gratuitos espalhados pela Internet e integrá-los. A nível nacional, queremos congregar as teses de mestrado e doutoramento. Desejamos o mesmo para toda a produção científica nacional e talvez consigamos disponibilizar os currículos dos próprios investigadores. É uma ideia a desenvolver com a Fundação para a Ciência e Tecnologia”.

A disponibilização das teses de mestrado e doutoramento vai simplificar o acesso a textos habitualmente esquecidos pelos editores. “[A b-on] é um meio de divulgar conteúdos à comunidade. As teses são difíceis de obter. Muitas vezes, é necessário escrever para as universidades. Noutros casos, ou se conhece o autor ou não há forma. Com a biblioteca virtual, fica tudo à distância de um click.”

Germano Oliveira