Para este aluno do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação da Universidade do Porto o facto de ter uma família numerosa não impede que haja uma grande união entre os elementos que a constituem. Danilo é o segundo mais novo de oito irmãos e diz que “é fantástico” saber que tem sete irmãos que o podem ajudar. “Ainda para mais são quase todos mais velhos, por isso têm uma experiência de vida mais avançada”, acrescenta.

O jovem garante que não se consegue imaginar “numa família mais pequena” e salienta “que não gostava de ser filho único”. A relação com os irmãos “é muito boa” e sabe que “se tiver um problema todos se juntam para ajudar”. No seu entender esta é a grande virtude da sua família.

Danilo vive com os seus irmãos e com a mãe a quem ele chama de “exemplo de vida” devido ao seu passado “de grande sofrimento, uma vez que teve 17 filhos mas nove morreram” e que perdeu o marido há três anos atrás.

Um outro ponto que o estudante salienta na sua relação com a família é o facto de que quando algum dos irmãos se desvia da “norma”, os outros assumem o “papel de ditadores para o pôr na linha e não deixar que vá por maus caminhos”.

Viver longe de casa

Danilo é de Câmara de Lobos, na Madeira, e estuda no Porto, por isso só vai a casa nas férias da Páscoa, Natal e Verão. O jovem madeirense refere que desde que veio para o continente mudou muito “a maneira de pensar e de agir” e que essa mudança não passou despercebida à sua família.

O facto de estar longe da família durante longos períodos de tempo, faz com que Danilo lhe dê mais valor. O estudante conta mesmo que quando os colegas criticam os pais, costuma responder: “fica três meses fora de casa e vais ver o quanto sentes a falta deles”. Para Danilo o mais complicado é mesmo no fim-de-semana “quando todos vão para casa ver os pais” e ele fica “a olhar para o céu” e a pensar na sua família.

Já Bruno Brasil, aluno de Assessoria da Comunicação na UP, reage melhor à ausência da família. Bruno é de S. Jorge, nos Açores, e tal como Danilo só vai a casa três vezes no ano. No entanto, diz que não sente muitas saudades porque mantém “um contacto telefónico, por cartas e e-mail regular” e porque “ambas as partes sabem que o distanciamento é necessário”. O aluno da UP refere que essa distância é fundamental “para crescer e aprender a lidar com as dificuldades”. Mesmo assim, confessa que sente a falta dos pais e da irmã (que está nos EUA e não vê há quatro anos).

Para Bruno a experiência de estudar longe de casa está a ser positiva porque se tem tornado “uma pessoa mais aberta e mais preparada para a vida” e porque aprendeu a valorizar mais a família. Agora, quando vai de férias sabe que só vai estar com eles por um determinado período e por isso aproveita mais o tempo que estão juntos.

Também Vera Pereira sente que agora dá mais valor à família, embora confesse que sempre adorou os pais e as irmãs. Vera estuda na UP, no 4º ano de Assessoria da Comunicação e vem de Serpa, Baixo Alentejo. A aluna refere que não consegue “contabilizar” as vezes que pensa por dia nos pais que considera serem o seu “porto seguro”, por saber que estão sempre presentes quando precisa.

“O sentimento de perda aguça terrivelmente o instinto familiar”, é assim que a aluna resume o que sente um aluno deslocado. Mesmo assim não deixa de realçar que o facto de estar longe da família tem aspectos positivos, uma vez que torna as pessoas mais responsáveis e faz com que “cresçam” mais depressa.

Andreia Parente