Tendo como base o relatório de inspecção da FIFA, a Africa do Sul é a primeira escolha a nível de infra-estruturas, comunicações, ligações aéreas e rodoviárias, apresentando um orçamento positivo em cerca de 55 milhões de euros, sem qualquer contribuição da FIFA. A candidatura sul-africana recebeu a nota “Excelente”, na classificação do seu potencial.
Um pouco abaixo situaram-se Marrocos, Egipto, Tunísia e Líbia. É quase certo, no entanto, que os três últimos países não irão vencer. Tunísia e Líbia manifestaram a intenção, recusada prontamente pela FIFA, de organizar conjuntamente. Desta forma, ficou claro que nenhum dos países tem já grande interesse em organizar a competição.

Na mesma inspecção, Marrocos recebeu a nota “Muito Bom. A delegação repudiou este distanciamento em relação à África do Sul, argumentando que a candidatura marroquina foi a única a oferecer todas as garantias bancárias, bem como com o facto de os sul-africanos nem sequer terem a construção dos estádios orçamentada. Saad Kettani, presidente da candidatura de Marrocos já afirmou: “A FIFA vai ter de decidir entre estabelecer e confirmar o processo de democratização e unificação na África do Sul ou ajudar o programa Vision2000 que o governo marroquino está a desenvolver para o país e que abarca todas as áreas da sociedade e não só o desporto.”

Para o Mundial2006 o favorito perdeu

Nos bastidores e entre os votantes, já se conhecem as supostas intenções de voto. Parece claro que o Egipto não poderá ombrear com os dois favoritos. A sua classificação é igual à marroquina, mas a candidatura não será tão consistente nem tão seriamente apresentada. As contas que se vão fazendo dão vitória à África do Sul por um voto: 12-11. Mas nem sempre as intenções de voto se mantêm inalteráveis. Em 2000, por exemplo, a África do Sul era favorita à organização do Mundial2006. Na votação final, acabou por perder para a Alemanha. 12-11 foi o resultado e a abstenção do representante neozelandês Charles Dempsey que, inicialmente, tinha manifestado a intenção de votar nos africanos veio a ser decisiva. Esta alteração do sentido de voto veio a ser investigada por indícios de corrupção.

Quem decide?

O número de votantes permanece inalterado. Vinte e quatro votos divididos da seguinte maneira: sete para vice-presidentes da FIFA, e 16 para os membros por continente: oito europeus, quatro asiáticos, três sul americanos, três norte e centro, um para a Oceânia e quatro para África, entre eles o presidente da CAF, o camaronês Issa Hayatou que, por razões óbvias, vota em branco e o que sobra está destinado a Joseph Blatter, presidente da FIFA, que tem direito ao voto de qualidade em caso de empate.

As delegações das candidaturas têm hoje cerca de 30 minutos para apresentar os últimos argumentos e assim convencer o Comité Executivo da FIFA. Após um largo e minucioso processo para eleger o melhor candidato, amanhã ao meio-dia é conhecido o vencedor.

André Morais