A maior incursão israelita na Faixa de Gaza, desde o começo da segunda Intifada, há quatro anos, vitimou até ao momento 19 pessoas. Ao início da noite de ontem, responsáveis do hospital de Najar, anunciavam a morte de 19 palestinianos e 62 feridos, 25 dos quais com gravidade. O exército israelita diz que não há vítimas entre os seus soldados e que 17 dos 19 mortos eram militantes de grupos extremistas. Os outros dois são dois irmãos de 13 e 16 anos, mortos por atiradores furtivos israelitas.

A “Operação Arco-Íris”, nome dado pelo exército israelita à incursão, começou na madrugada de segunda para terça-feira. Os militares israelitas entraram na cidade e no campo de refugiados de Rafah, secundados por helicópteros de combate, 100 tanques e bulldozers, procurando, casa a casa, militantes palestinianos. Rafah tem cerca de 100.000 habitantes.

”É um enorme massacre planeado”, disse Yasser Arafat, o líder da Autoridade Palestiniana, no final de uma reunião em Ramallah com diplomatas estrangeiros. “O que se passa em Rafah é uma operação para destruir e transferir a população palestiniana local e isso não pode ser tolerado, nem pelos palestinianos, nem pelos árabes, nem pela comunidade internacional”, acrescentou Arafat.

Arafat disse ainda que as nações árabes convocaram uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para “analisar a situação”. O enviado da ONU no Médio Oriente, Terje Roed-Larsen, está preocupado com a situação e, num comunicado divulgado hoje, pede a Israel que actue com respeito às leis internacionais, em particular no tratamento aos civis.

Operação sem limite de tempo

O ministro da Defesa israelita, Shaoul Mofaz, fez saber ontem que a operação não tem “qualquer limite de tempo” e que “durará o que for necessário”. Avi Pazner, um porta-voz do governo israelita, contraria as acusações das autoridades palestinianas e da comunidade internacional: “A nossa política não é destruir casas”, acrescentando que “existe em Rafah uma indústria de terror. Queremos parar com ela para o nosso bem e para o bem da população de Rafah”.

George W. Bush, o presidente norte-americano, considerou a situação em Rafah “preocupante”, mas considera que Israel “tem todo o direito de se defender contra o terror”. Bush discursava numa convenção em Washington da American Israel Public Affairs Committee, parte do lobby judaico nos Estados Unidos. O presidente reiterou a confiança no plano de paz de Ariel Sharon, “um passo corajoso e forte que pode trazer segurança a dois estados, vivendo lado a lado em paz e segurança”.

Uzi Landau, o ministro israelita responsável pelas relações com os Estados Unidos, comparou a acção israelita em Gaza à intervenção no Iraque. “Estamos a ser tão cuidadosos como aqueles que nos tentam dizer como devemos proteger o nosso povo”, disse Landau.

Pedro Rios