O Ullevi recebe esta noite a final da edição 2003/2004 da Taça Uefa. A partir das 19h45, os espanhóis do Valência e os franceses do Marselha sobem ao relvado da primeira final europeia do ano. São esperados 11 000 espectadores de cada lado, num desafio que vai ser dirigido por Pierluigi Collina. O jogo vai dar a conhecer o sucessor do FC Porto na lista de vencedores do troféu. No ano passado, os portugueses venceram o Celtic por 3-2.

Os já consagrados campeões espanhóis partem como favoritos. José Anigo, técnico dos marselheses, afirmou que o adversário do jogo de hoje é o mais completo dos conjuntos que eliminou. Recorde-se que o Marselha só começou a disputar a competição após a terceira eliminatória. O terceiro lugar no grupo F da Liga dos Campeões, o mesmo do FC Porto, assim o ditou. Na Taça Uefa, deixou pelo caminho o Dnipro, o Liverpool, o Inter de Milão e o Newcastle. Equipas de respeito, inebriadas pelo perfume africano de um colectivo de onde sobressai o nome de Drogba.

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É precisamente sobre Drogba que recaem as preocupações da equipa técnica dos franceses. O jogador marcou onze golos nos quinze confrontos europeus da equipa, mas não joga desde o dia 9 de Maio. Uma lesão na anca, contraída durante o confronto com o Mónaco, tem lançado preocupações em relação ao estado físico do avançado. O próprio Rafael Benítez, técnico do Valência, referiu-se ontem a Drogba. Ainda que em tom de brincadeira, disse que a maior preocupação dos seus pupilos é evitar que o internacional da Costa do Marfim toque na bola.

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Na equipa espanhola, a maior dúvida surge quanto à eventual utilização de Aimar. O argentino está a recuperar a forma, depois de uma lesão no joelho. A alternativa chama-se Ricardo Oliveira, que pode ter a oportunidade de liderar o ataque ao lado de Mista. No flanco direito, Angulo deve ser a opção, em detrimento de Francisco Rufete. O defesa-esquerdo Carboni, de 39 anos, pode tornar-se hoje no jogador mais velho a erguer o troféu.

Para chegar a Gotemburgo, o Valência eliminou seis adversários. AIK, Macabi Haifa, Besiktas, Gençlerbirligi, Bordéus e os conterrâneos Villareal caíram perante o poderio dos valencianos. Quando comparado com o percurso do Marselha, nenhuma das equipas afastadas pelos espanhóis se assemelha ao poderio de um Inter ou de um Liverpool. Consciente do assinalável percurso do oponente desta noite, Benítez analisou cuidadosamente o sistema de jogo implantado por Anigo. “Vamo-nos concentrar no nosso jogo. É o Marselha que tem a reputação de jogar em contra-ataque e se tivermos que assumir a iniciativa jogo, fá-lo-emos”, esclareceu ao site da UEFA.

História recente

O Valência regressa aos jogos decisivos europeus, depois de ter saído derrotado de duas finais consecutivas da Liga dos Campeões. Em 2000, perderam com o Real Madrid, por 3-0. Em 2001, os penalties ditaram a perda do troféu para os gigantes alemães do Bayern de Munique, após o nulo no fim dos 120 minutos. Zlato Zahovic, hoje no SL Benfica, falhou o pontapé que ditou o resultado. A última conquista europeia dos espanhóis remonta a 1980, com a conquista da extinta Taça dos Vencedores das Taças.

O percurso europeu recente do Marselha teve o ponto alto em 1999. Os franceses chegaram à final da competição que vão disputar com o Valência. Na altura, perderam por 3-0 com o Parma. Em 1993, venceram a Liga dos Campeões. Um resultado de 1-0, frente ao Milan, elevou os marselheses ao estatuto de reis da Europa.

Curiosamente, Marselha e Valência acabam por estar, directa ou indirectamente, relacionados com o percurso das equipas portuguesas nas competições europeias. Os franceses perderam os dois confrontos com o FC Porto. Os azuis-e-brancos venceram por 3-2, em França, e por 1-0, ainda no estádio das Antas. Posteriormente, o Marselha levou de vencida o Inter de Milão. Os italianos eliminaram o Benfica. Por sua vez, os espanhóis sobrepuseram-se aos turcos do Gençlerbirligi, responsáveis pelo afastamento do Sporting.

Germano Oliveira

Fotos: UEFA