“Não é de admirar que se diga que o prémio veio tarde, mas a verdade é que eu ainda estou viva! Não é um prémio póstumo!”. Irónica q.b., Agustina Bessa-Luís confessa-se agradada com a atribuição do prémio. A notícia foi recebida em Lisboa, um pouco antes da viagem de regresso ao Porto. Ao JornalismoPortoNet (JPN), Agustina confessou que a escrita “é uma paixão”.

Uma decisão consensual e “muito tranquila”

A escolha foi unânime. A escritora Agustina Bessa-Luís foi ontem laureada com o mais importante prémio literário da língua portuguesa. É agora a quarta escritora a receber o Prémio Camões, entre 16 outros escritores já galardoados. Apesar do pouco número de escritoras laureadas com o Prémio Camões, Agustina disse ao JPN que “as mulheres estão bem representadas”. Rachel Queiroz, Sophia de Mello Breyner e Maria Velho da Costa receberam o prémio em anos anteriores.

Na acta do júri da 16ª edição do Prémio Luís de Camões consta que a atribuição foi feita “por unanimidade”. Pode ler-se ainda que “o júri tomou em consideração que a obra de Agustina Bessa-Luís traduz a criação de um universo romanesco de riqueza incomparável que é servido pelas suas excepcionais qualidades de prosadora, assim contribuindo para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.

O jornalista brasileiro Zuenir Ventura presidiu ao júri, que contou também com a participação de Heloísa Buarque de Holanda (também pela parte brasileira). Vasco Graça Moura e Eduardo Prado Coelho representaram Portugal, e Lourenço Rosário veio pela parte dos países africanos de língua oficial portuguesa.

O mais importante prémio de língua portuguesa

Instituído em 1989, o Prémio Luís de Camões é atribuído pelo governos de Portugal e do Brasil a autores de língua portuguesa. Estreitar os laços culturais destes dois países lusófonos através dos seus escritores mais representativos é um dos objectivos do Prémio Camões. No valor de 100 mil euros, o galardão pretende distinguir, todos os anos, um escritor cuja obra tenha contribuído para o enriquecimento dos patrimónios cultural e literário em Português. Esta é já a 16ª edição daquele que é o mais importante prémio da língua portuguesa. Em 1989, ano da primeira edição do prémio, Miguel Torga foi o galardoado, seguido, um ano depois, de João Cabral de Melo Neto.

A 15ª edição do prémio distinguiu o escritor brasileiro Rubem Fonseca. No ano anterior, em 2002, foi a vez de a romancista Maria Velho da Costa ter sido laureada. O poeta Eugénio de Andrade recebeu o Prémio Camões em 2001. Mas outros nomes preenchem a lista dos laureados: a poetisa Sophia de Mello Breyner recebeu o prémio em 1999. no ano seguinte foi a vez do escritor brasileiro Autran Dourado. Pelo meio ficam os nomes de José Craveirinha (1991), Vergílio Ferreira (1992), Rachel Queiroz (1993), Jorge Amado (1994), José Saramago (1995), Eduardo Lourenço (1996) e António Cândido de Mello e Souza (1998).

Foto: Instituto Camões

Ana Correia Costa