A pouco mais de um mês para a transferência do poder no Iraque, George Bush apresenta a sua visão para o futuro do país. A apresentação foi feita em horário nobre, na mais conceituada escola militar norte-americana na Pensilvânia.

Com a popularidade em baixa, o discurso assentou em cinco pontos: transferência do poder para um governo soberano; o reforço da segurança; a reconstrução das infra-estruturas; o apelo a mais ajuda internacional e a convocação de eleições livres (até finais de Janeiro de 2005).

Com as eleições americanas à porta (Novembro de 2004) o discurso de Bush é visto como uma estratégia para desviar as atenções dos recentes escândalos. Uma apresentação que surge, também, numa altura em que o número de soldados norte-americanos mortos no Iraque aumenta.

Transição “simbólica”

A transição do poder põe, simbolicamente, fim à ocupação militar do Iraque. Isto porque a verdadeira transferência de soberania deverá acontecer com as eleições de 2005. No entanto, Bush anunciou ontem que as tropas dos Estados-Unidos deverão permanecer no Iraque “durante o tempo necessário” para garantir a paz e estabilidade no país.

O presidente adiantou ainda que está disponível para enviar mais tropas para o Iraque, caso se justifique. Aludindo ao escândalo das torturas em Abu Grahib, Bush prometeu demolir esta prisão, assim que a nova esteja concluída.

Até ao fim de Maio, o enviado das Nações Unidas ao Iraque, Lakhdar Brahimi, deverá constituir o novo governo. Serão, em princípio, designados um Presidente, um Primeiro-Ministro, dois vice-primeiros-mimistros e 26 ministros. Uma tarefa algo complicada já que o equilíbrio de forças entre as várias facções iraquianas é uma missão quase impossível.

Ana Correia Costa
Andreia Abreu

Foto: Reuters