Os portugueses desconhecem perigos da exposição solar intensa. 80 por cento da dose de radiação solar tolerável é absorvida até aos 18 anos.

800 novos casos de melanoma maligno, o mais grave dos cancros de pele, são diagnosticados por ano. Em relação ao conjunto dos cancros da pele, estima-se que 10 mil novos casos aparecem todos os anos.

Fernando Ribas, director do serviço de dermatologia do Instituto Português de Oncologia (IPO), explica que esta “é uma situação que tem aumentado sempre” e dá o exemplo do melanoma maligno que duplica em cada década. A incidência deste cancro de pele entre os portugueses aumenta 6 por cento de ano para ano.

Deve desfrutar-se do sol com moderação

O cancro de pele é um dos principais problemas da exposição solar intensa. Outra consequência é o envelhecimento precoce da pele. Fernando Ribas explica que existem outros riscos de uma exposição excessiva: “doenças fotosensíveis, como o lupus, doenças fotoalérgicas, patologias agravadas quando se está sobre medicação fotosensivel”. O sol tem um efeito imuno-supressor, isto é, diminui as nossas defesas.

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As pessoas devem estar informadas não só sobre os comportamentos de risco mas também sobre eventuais sinais de alerta. Esses avisos são “um sinal que se modifica e dá comichão”, um ferida que demora mais do que 3 semanas a cicatrizar ou uma lesão que aparece pela primeira vez sem causa aparente. Estes sinais justificam a ida a um dermatologista para verificar se têm efectivamente algum significado anormal.

Falta de informação e comportamentos de risco

As causas do cancro da pele são essencialmente “a exposição solar excessiva, quer durante o Verão, quer durante o Inverno, e a utilização dos solários”, afirma Fernando Ribas.

Na praia, as pessoas ignoram os avisos das horas criticas de exposição ao sol (do meio dia às duas horas da tarde) e quando usam o protector solar julgam-se protegidas a 100 por cento, acabando por aumentar o tempo de exposição ao sol.

Os solários aferecem uma radiação muito concentrada. A radiação UVA, a que mais provoca o envelheciemnto da pele, é recebida em doses elevadas. Um sessão de solário equivale a duas tardes de praia. Os solários também emitem radiação UVB, que frequentemente provoca o melanoma maligno.

“A pele do ser humano caucasoide, de raça branca, não tem condições para se proteger da exposição solar intensa que lhe estamos a infligir”, explica o dermatolgista. Habitualmente, até aos 18 anos absorvemos 50 por cento da dose de radiação solar tolerável pela pele, o que já exige um futuro cuidado. Contudo, os jovens chegam aos 18 anos, em média, já com 80 por cento da radiação que podem tolerar. Façam-se as contas. Os outros 20 por cento são para absorver durante o resto da vida.

Fernando Ribas diz, por isso, que é importante começar a educação para o sol pelos mais jovens. “É necessário que as pessoas estejam avisadas e diminuam os comportamentos de risco”.