Nem 8 nem 80 parece ser o lema da Federação Académica do Porto (FAP) no que diz respeito à contestação estudantil.

O presidente da Federação Académica do Porto, Nuno Reis, defende que a FAP tem uma atitude construtiva, por oposição a outras associações que pura e simplesmente optam pela “não-contestação”, e outras que encaram a contestação como “um fim e não um meio”. Estes diferentes modos de ver a defesa dos estudantes são, para Nuno Reis, o principal motivo de desunião do movimento associativo português.

A falta de união verifica-se também entre os estudantes dos ensinos superiores público e privado, como foi visível com a marcação do Encontro Nacional de Dirigentes Associativos (ENDA) para o mesmo dia e hora da manifestação nacional de 4 de Novembro. Para Nuno Reis, essa foi uma “atitude provocatória” por parte de FNAESPC que serviu para “tentar desviar as atenções” e “desmobilizar estudantes da manifestação”. Uma atitude que não impediu a FAP e outras associações de comparecerem nos dois eventos.
A propósito de manifestações, Nuno Reis faz um balanço positivo da de 4 de Novembro, apesar da menor adesão comparativamente ao ano passado. É por isso que o líder da FAP considera que estas “não são a solução única”, devem antes ser pensadas numa “estratégia a longo prazo, conjugadas com medidas concretas e acções de protesto diferentes do habitual”.

Para o futuro, a FAP espera que a Educação seja encarada como uma prioridade por parte do Governo e aguarda pela aplicação da Declaração de Bolonha, com cujos princípios concorda, já que vão permitir “uma maior mobilidade e empregabilidade dos estudantes”. Preocupa-os, no entanto, a forma como o sistema de créditos está a ser implementado nalgumas faculdades, por se estar a “procurar uma correspondência directa entre a carga horária de uma disciplina e o número de créditos”, ignorando-se a importância da cadeira no respectivo curso.

Léccio Rocha