Assinada por 29 países da Europa, a declaração de Bolonha vai ser implementada em Portugal a partir do próximo ano lectivo. Cursos de 3 anos, um sistema europeu de créditos e o financiamento diferenciado para os mestrados e doutoramentos são as medidas mais visíveis deste processo.

Medidas claras, consequências incertas

A nível político, Milan Rados admite que uma equiparação dos sistemas de ensino superior europeus pode levar a uma maior integração política e a um melhoramento do funcionamento das instituições europeias comuns. No fundo, para o especialista em ciência política, competir a nível internacional é fazer frente aos Estados Unidos da América.
Ideias como “mobilidade”, “sistema europeu de créditos” e “competitividade internacional” complementam a noção de livre circulação dos trabalhadores. Um trabalhador português com as mesmas competências que outros trabalhadores europeus da mesma área encontra mais facilmente trabalho fora do seu país, afirma o professor.

Para o especialista em ciência política, a redução de custos com o ensino sempre foi um dos objectivos desta declaração. Os cortes no orçamento para a educação levam as Universidades a recorrer a capital privado, o que pode resultar na comercialização do ensino.
O professor refere ainda a inadequação de algumas medidas em relação à sociedade portuguesa, que é, no geral, atrasada comparando com muitos países europeus. Cursos de 3 anos e a entrada precoce dos estudantes no mercado de trabalho são algumas das preocupações de Milan Rados, por poderem degenerar em profissionais mal preparados e no agravamento do desemprego estrutural.

Tatiana Palhares