O Bloco de Esquerda é um fenómeno de popularidade entre a juventude urbana, mas não dispõe, curiosamente, de uma estrutura jovem semelhante à dos outros partidos.
O que mais se assemelha a uma “jota” na estrutura bloquista é um grupo de trabalho composto por jovens militantes, mas do qual pouca gente não afecta ao partido tem conhecimento.

De onde vem então esta capacidade de atrair os jovens? Para começar, o Bloco tem iniciativas dedicadas especialmente a este público-alvo. Prospectos, panfletos, cartazes e conferências feitos à medida podem explicar em parte a simpatia juvenil.

O leque de atitudes cativantes a que os jovens não ficam indiferentes fica completo com um discurso anti-sistema, feito por políticos que “não vestem o fato” do político tradicional, mas que, pelo contrário, assumem uma postura mais descontraída e são, em média, mais jovens do que os outros dirigentes partidários.

Piscar de olho aos desiludidos do Comunismo

O Partido de Francisco Louçã, Miguel Portas, Ana Drago e companhia parece ter surgido num timing perfeito, ocupando o lugar por que ansiavam os jovens (e não só) deserdados da ortodoxia comunista.

Mas Francisco Leitão, da Juventude Comunista, recusa a ideia de que o “bloquismo” esteja a ganhar terreno ao Comunismo entre os jovens. “Os bloquistas têm uma origem social elevada, são quadros licenciados. Os comunistas são essencialmente operários e também estudantes, mas das classes sociais mais desfavorecidas. Por isso, não penso que a militância jovem no Bloco seja um fenómeno relevante”, explica o jovem comunista, ainda que reconheça que já viu militantes da sua “jota” saírem para o Bloco de Esquerda e para outros partidos.

Apesar de várias tentativas, não foi possível conhecer a reacção de representantes do Bloco de Esquerda à posição da JCP.

A origem urbana e socialmente favorecida dos jovens do Bloco pode não passar de uma birra adolescente, mas a dúvida impõe-se: estamos perante uma simples moda ou o anúncio da força política que governará o país quando esta geração atingir a idade adulta? Só o futuro o dirá.

Andreia C. Faria