JCP: da clandestinidade à Quinta da Atalaia

Não é a “jota” com mais adeptos, mas é a mais antiga e talvez a mais organizada. Com cerca de 13.000 militantes e com uma média de recrutamento de 1.000 novos nomes por ano, a JCP vai fornecendo ao Partido Comunista Português quadros preciosos, numa altura em que este sofre uma “sangria” de militantes.

Tão antiga como o PCP, a Juventude Comunista existe desde 1921. Com nomes e estruturas diferentes, é certo, mas sempre com o objectivo de recrutar jovens para a revolução, mesmo nos tempos em que o Comunismo vivia na clandestinidade.

No início da década de 20 nasce, sob a paternidade do Partido Comunista, a Federação da Juventude Portuguesa, de que o então jovem Álvaro Cunhal chegou a ser secretário-geral.

Na década de 60, aumenta a contestação ao regime de Salazar e as manifestações estudantis são uma realidade. Forma-se o MUD (Movimento de União Democrática) Juvenil que daria depois lugar à UEC (União de Estudantes Comunistas) e à UJC (União dos Jovens Trabalhadores). As duas agregam os jovens partidários comunistas e coexistem até 1979.

Quatro anos após o derrube do fascismo, nasce a Juventude Comunista Portuguesa como a conhecemos hoje. No 1º Congresso da “jota”, fundem-se as duas Uniões anteriores e definem-se os estatutos da estrutura.

Disneyland Comunista

Há 29 anos no roteiro do Verão dos jovens portugueses, a Festa do Avante! é talvez o maior momento de abertura de um partido que muitos acusam de demasiado distante da sociedade.

Além de militantes comunistas, a Quinta da Atalaia recebe todos os anos muita gente a quem a foice e o martelo nada dizem, mas que aparecem pelo convívio e pela música. Talvez por isso muitos já lhe chamem a “Disneyland” comunista.

A Quinta da Atalaia fornece um palco mais descontraído, onde o secretário-geral do partido não deixa de fazer o seu discurso e onde não faltam os hinos. Muitos hinos. A Carvalhesa, hino da Festa do Avante!, a Internacional Socialista e o hino do Partido Comunista Português.

Estratégia de sedução em que o partido muito investe, a Festa do Avante! tem tido, ano após ano, níveis de participação crescentes. A edição deste ano rendeu à “jota” mais 200 “camaradas”, o que não deixa de ser precioso para um partido cada vez mais envelhecido.

JSD: pelo carisma de Sá Carneiro

A JSD é a maior e mais influente juventude partidária nacional. Actualmente com mais de 30.000 militantes, a JSD nasceu ainda em 1974, pela mão de António Rebelo de Sousa. Foi em Junho do ano mais quente da história recente que o histórico social-democrata criou o Núcleo de Jovens do PPD, logo transformada em JSD.
Em Novembro, realiza-se o primeiro Plenário nacional, onde são aprovados os estatutos da estrutura.

António Lacerda de Queiroz liderou a “jota” laranja entre 1977 e 1982. Confessa que, na altura, muitos jovens aderiram ao partido devido ao fervilhar ideológico do país, à «sede de democracia» e ao «carisma do então líder do Partido, Francisco Sá Carneiro».

A Revolução fizera-se sem sangue, mas a luta pela estabilização do país era travada corpo a corpo pelos jovens dos vários partidos. As manifestações pela instauração de um modelo de sociedade afecto à “social-democracia humanista e personalista” levaram à morte e à hospitalização de muitos militantes da JSD.

O ex-líder da Juventude Social Democrata diz que a motivação para a filiação, hoje em dia, reside em “fazer propostas e defender projectos compatíveis com as aspirações dos jovens que representam – em solidariedade com o resto da sociedade portuguesa”.

JS e JP: filhas da Revolução

A Juventude Popular não fica muito atrás da congénere laranja em termos de militantes. Segundo Pedro Moutinho, da direcção da estrutura, a JP conta com 25.000 militantes a nível nacional.
Fundada a 9 de Novembro de 1974, teve como líderes João Mattos e Silva, Nuno Correia da Silva, Paulo Gusmão e Luís Pedro Mota Soares. O primeiro presidente foi Caetano Cunha Reis.

Apesar de insistentes contactos, não foi possível, até ao fecho desta peça, conhecer o número de militantes e a história da Juventude Socialista. Sabe-se que foi fundada em 1973, quando a Revolução estava iminente.

Andreia C. Faria