O tempo ainda não curou por completo as feridas causadas nas famílias das 59 vítimas de Entre-os-Rios. Os corpos de 36 dos passageiros que seguiam no autocarro que desceu ao fundo das águas do Douro nunca foram encontrados.

O vice-presidente da Associação dos Familiares das Vítimas, Augusto Moreira, fala, em declarações ao JPN, numa recuperação psicológica de cerca de 90% dos familiares das vítimas, ainda que haja “dois ou três casos acompanhados psicologicamente no Hospital do Vale do Sousa”. E acrescenta: “Mas quatro anos depois, a vida está a voltar à normalidade.”

Esperança na Justiça

A notícia de que quatro técnicos da extinta Junta Autónoma de Estradas e dois técnicos da empresa responsável pela vistoria subaquática à ponte vão ser levados a julgamento é vista pelas famílias como um bom sinal. “Era a melhor notícia que podiamos ter nesta altura, porque sentimos que a ‘culpa não morreu solteira’”, diz Augusto Moreira, parafraseando uma expressão utilizada pelo ex-ministro do Equipamento Social, Jorge Coelho, aquando do seu pedido de demissão do cargo depois da tragédia.

A homenagem às vítimas tem estado a decorrer durante todo o dia. Foi já apresentado ao público o projecto “A Ponte”, um centro de acolhimento para jovens em risco que se destina a crianças e jovens abandonados e em risco que “vem preencher uma lacuna na região do Vale do Sousa”, diz Augusto Moreira.

Às 17h30, junto ao Monumento às Vítimas, duas crianças vão ler poemas em memória dos desaparecidos, ao que se seguirá a deposição de uma coroa de flores. Uma hora depois tem lugar uma missa na Igreja Paroquial de Souzelo, Cinfães.

Letícia Amorim