Os suplementos constituem uma imagem de marca do diário, desde a sua fundação. A ideia é atingir diferentes públicos?

A importância dos suplementos é uma estratégia que nesceu com o jornal. Pretendemos aprofundar temas específicos aos interesses dos leitores. Por exemplo, o “Y” é um produto dirigido para um público mais jovem e o “Mil Folhas” é para quem se interessa pela cultura mais erudita. Para além de darmos aquilo que é o essencial, procuramos satisfazer o interesse de nichos de leitores.

Os produtos associados surgiram em força nos últimos anos, tendo sido o ”Público” muito agressivo nessa matéria. É uma forma de combater o decréscimo de vendas que parece afectar os jornais, em especial os de referência?

Os produtos associados são uma tendência europeia. O “Público” foi um dos pioneiros na massificação destes produtos a nível europeu. Com a série “Mil Folhas”, tornámo-nos no maior editor de livros de Portugal. Fazemo-lo por razões de natureza financeira, porque é uma importantíssima fonte de receitas para a empresa, que permitiu atravessar estes anos de recessão com alguma estabilidade. Mas, por outro lado, como órgão que tem responsabilidades na difusão da cultura, também achamos que temos um papel cultural importante. Com a série “Mil Folhas” colocamos grandes obras a preços muito competitivos, que permitiram que um número mais alargado de portugueses tivesse acesso à cultura. Pensamos que é um importante papel social na difusão da cultura em Portugal.

Os produtos associados ainda são uma via para o futuro? Não se corre o risco de saturação?

O efeito começou-se a diluir, mas os números de circulação que o “Público” registou, por exemplo, em 2002, foram claramente afectados pelo impacto que os livros e os DVD tiveram.

O publico.pt também se tornou uma referência na Internet. Sabendo-se que o acesso vai passar a ser pago, qual vai ser a sua orientação?

Nós queremos tornar o acesso ao publico.pt muito mais facilitado para os leitores. Queremos levar aos internautas todo o tipo de produtos, com uma legibilidade muito maior. A reformulação actual já é um passo importante nessa estratégia. O publico.pt é um instrumento muito importante para nós, porque permite-nos chegar aos lares, aos escritórios, aos departamentos de universidades. E também a milhares de portugueses que nos consultam um pouco por todo o mundo. Os preços de acesso vão ser extraordinariamente acessíveis, quase simbólicos, pelo menos para os primeiros aderentes. Mas o publico.pt é o jornal online com mais audiência, com uma diferença abismal em relação aos outros sites. Nós queremos conservar esse estatuto, mas pensamos que os leitores podem contribuir para a sua qualidade e sustentabilidade.

João Pedro Barros