O antigo bispo de Setúbal, D. Manuel Martins, reprova a atitude do padre Nuno Serras Pereira, que na passada quarta-feira anunciou a sua recusa em dar a comunhão aos católicos que usassem contraceptivos.

“Nem sempre o que é legal é legítimo”, defende o ex-Bispo. Manuel Martins afirma que se o comungante manifestar posições públicas a favor do uso de contraceptivos, a posição do Serras Lopes tem toda a legitimidade. Contudo, se a pessoa em questão for anónima, o padre pode correr o risco de cometer difamação.

O ex-bispo de Setúbal explica que a Lei Canónica “não pode ultrapassar as leis da caridade”. Manuel Martins afirma que a lei deve ser aplicada com prudência pastoral, de modo a ir ao encontro do “bem comum”.

D. Manuel Martins justifica a posição do padre Nuno Serra Lopes por este ser um apaixonado do Direito Canónico. Não lhe atribui, no entanto, legitimidade para tomar aquela posição. De resto, a Igreja considerou que a atitude do padre foi de cariz fundamentalista, caindo na tentação do protagonismo, não se coadunando com a prática da instituição.

Serras Pereira, invocando o cânone 915 do Código do Direito Canónico, diz-se “impedido de dar a sagrada comunhão eucarística a todos aqueles católicos que manifestamente têm perseverado em advogar, contribuir para, ou promover a morte de seres humanos inocentes”.

Agostinha Almeida
Andreia Ferreira