As obras do túnel de Ceuta têm prejudicado os comerciantes da rua D. Manuel II. O pó, as dificuldades de acesso e a falta de estacionamento têm diminuído o número de clientes dos lojistas da zona de Ceuta.

“Menos pessoas vêm cá. Também é uma questão de higiene, já viu o pó à entrada (do estabelecimento)?”, afirma ao JPN o dono de um restaurante, situado no início da rua D. Manuel II. Como consequência da menor afluência de fregueses ao estabelecimento, Manuel Pereira tem dificuldade em equilibrar as contas no final do mês “para pagar aos 22 funcionários da casa”.

“Temos tido menos clientes, e agora não sabemos quando é que as obras vão acabar”, afirma Margarida Pinho, proprietária de um quiosque no centro comercial em frente ao Museu Soares dos Reis. As cargas e descargas de mercadoria são outro problema apontado pela dona do estabelecimento.

Mas a conclusão do túnel não vai solucionar esta dificuldade. Deixa de existir o estacionamento necessário para os transportes de mercadoria. Sem uma alternativa a esta situação, Margarida Pinho vê-se “obrigada a estacionar de qualquer das formas, mesmo que não haja estacionamento e correndo o risco de multa”.

Chumbo do IPPAR abranda obras

Rui Rio tinha prometido concluir o túnel no final de Maio. Mas a rejeição do IPPAR inviabiliza a candidatura da Câmara do Porto aos fundos comunitários necessários para terminar a empreitada. E sem verbas as obras param. Os comerciantes mostram-se insatisfeitos e ameaçam “organizar uma nova manifestação”, se as obras não avançarem.

O Museu Soares dos Reis é o centro da discussão. Rio quer situar a saída do túnel junto ao edifício, a cerca de 25 metros da entrada. Porém, o IPPAR defende a preservação do património histórico e cultural do museu. Por isso, o Instituto recusa o projecto do autarca e defende a saída do túnel perto do Palácio de Cristal. Mas Rui Rio coloca totalmente de parte esta hipótese.

Salomé Pinto da Silva